segunda-feira, 28 de maio de 2012

Ser amigo é...


Como nasce, onde vive e do que se alimenta a amizade? Não, você não vai descobrir isso nessa sexta, no Globo Repórter. Talvez você (nem eu) descubra nunca respostas realmente verdadeiras para questões tão complexas. Mas o fato de algo ser difícil, quase impossível de ser definido, não é e nunca foi empecilho para eu refletir sobre.

Vou ser polêmica, mas vamos lá: quem nunca se envolveu em uma confusão com uma amiga e colaborou para que o circo pegasse fogo que atire a primeira pedra. Infelizmente é natural do ser hurmano gostar de ver o circo pegar fogo. Acha que está impune? Então diz ai: você nunca encontrou o ex da sua amiga na balada e não correu para contar? Sempre me pergunto qual é a maneira correta de agir. Contar que o cara que ela ainda morre por é filho da puta e dar todos os detalhes de como ele estava dançando grudada na loira periguete, sim ou não? À primeira vista, a resposta é: se sou amiga, tenho que contar sim. Será?

Cinco meses atrás eu responderia sem dúvida nenhuma que sim. Hoje, não sei. Será que alguém que está sofrendo porque perdeu alguém que amava merece sofrer mais ainda com esses detalhes? Não acho. E acho que parte do processo de ser amigo de verdade é saber dosar esses choques de realidade. Exemplifico o que quero dizer: há alguns meses, uma conhecida minha se separou do namorado de 9 anos. Ele terminou sem dar grandes explicações, apenas que queria terminar porque estava confuso. O tempo passou. Essa minha conhecida chorou, sofreu, mas começou a se recuperar. Foi viajar no carnaval, conheceu um cara legal, começou a sair com ele. A menina estava feliz.

Eis que, quando  uns 5 meses se passaram desde a separação, uma amiga dessa minha conhecida descobriu pelo Facebook que o ex da menina namorava outra garota há dois anos (ou seja, ele tinha duas namoradas ao mesmo tempo). O que a garota fez? Pegou o Facebook da outra namorada do cara e foi mostrar para a menina. Resultado: cinco meses de esforço para esquecer o ex jogados no lixo. A menina teve uma recaída, voltou a chorar diariamente e acabou terminando com o cara que estava saindo.

Eu pergunto: a amiga que foi fuçar a vida do ex e mostrar que o cara tinha outra foi amiga mesmo? Eu lá tenho minhas dúvidas. Se alguma amiga minha é enganada, minha reação sempre é tentar alertar de alguma maneira. Só que acho que há casos em que as pessoas dão esses alertas mais por quererem ver o circo pegar fogo que por amizade mesmo. A menina já estava bem, superando o fim do relacionamento e teve uma recaída desnecessária por conta da “amizade” da outra. Será que uma pessoa que já tinha sofrido tanto para superar o relacionamento acabado merecia passar por isso novamente?

Sinceramente, eu não teria nunca agido como a garota. E acho que quem fica alimentando intrigas se dizendo “amiga” é um grande de um FDP. Por quê? Porque eu acho que um amigo é, antes de tudo, alguém que quer seu bem. Que quer te ver feliz. Não que eu ache que amigo tem que esconder as dificuldades da vida. Só acho que algumas verdades muitas vezes não precisam ser ditas. Se você está tentando esquecer alguém e aquela amiga não para de falar da pessoa, é muito provável que ela esteja pensando em tudo, menos na sua felicidade.

Ser amigo, para mim, é ter bom senso. E acho que, algumas vezes, na ânsia de sermos verdadeiros, esquecemos deste detalhe fundamental nas relações humanas.