quarta-feira, 18 de novembro de 2020

Epifania

 "Sentimento que expressa uma súbita sensação de entendimento ou compreensão da essência de algo."

Estava tão claro, finalmente. Tantas sessões, tantas conversas no divã sobre o tema. Aquele pensamento que vinha e voltava o tempo todo, a eterna busca pelo complexo, pelo que não é racional. A fixação com o que não poderia ser. Tantas angústias, tantas incertezas, tantos medos. Um furacão de sentimentos que fazia com que ela ficasse ali, naquele ciclo interminável de incerteza sobre seus próprios sentimentos, suas fixações e o que ela queria para a vida.

"Qual é seu objetivo de vida? Como você se vê em dois anos na sua vida amorosa?" - perguntava seu analista.

Não, ela não conseguia responder. Porque eram muitos itens para alinhar dentro do que ela achava que almejava/queria. Daí, a fixação com o complexo. Quando se é complexo já se tem a desculpa para não dar certo. O complexo a empurrou para flertes, paixões, momentos inesquecíveis de felicidade ao longo da vida. Mas também trouxe todas as dores que só as paixões são capazes de causar. Contudo, o amor mora no simples. Da única vez que amou, amou o simples. O correto, O que é claro e direto. O que fácil, claro e recíproco. O complexo é atraente. Mas a felicidade mora no simples.

E foi isso que ficou claro como as águas do mar do Caribe: ela queria o simples, o recíproco, o que traria felicidade. Se não fosse assim, não era pra ser. E foi exatamente isso que ela foi buscar.