terça-feira, 28 de agosto de 2012

Ah... taxistas...


Oi, meu nome é Núbia, tenho 27 anos e não sei dirigir. Morando em São Paulo, o que isso traz de fato para minha vida é: eu acabo usando muito taxi quando preciso. Particularmente, eu não vejo problemas. É mais barato que manter o carro e não tenho que me estressar com o trânsito. Posso ler ou usar meu smartphone sem me preocupar em bater no carro da frente. Quase o mundo perfeito, exceto por um pequeno detalhe: os taxistas.

Às vezes a  gente dá sorte e o cara fica mudo, ou pergunta o mínimo. Mas, em média, o táxista é um problema em 60% das corridas. Eu confesso que alguns eu até dou trela e deixo falarem, principalmente aqueles tiozinhos que adoram falar sobre a filha, o filho, o neto. Acho engraçado. Já ouvi algumas histórias interessantes de vida, como um taxista queme levou para Guarulhos e, durante o trajeto (congestionado) contou como ele virou taxista. O cara era analfabeto, chegou em São Paulo depois de viajar quase dois meses pegando carona vindo do Piauí e hoje tinha três taxis, quatro casas e tinha formado todos os filhos na faculdade. Acho muito legal esse tipo de história, porque mostra a importância do trabalho e do esforço para a gente crescer. Por outro lado... Já tive diálogos surreais com taxistas. Uma vez peguei um que não sabia onde era a MARGINAL PINHEIROS. Outro ficou me contando como todas as mulheres do bairro dele queriam pegá-lo (ZzzzzzZzzzzz). Um tentou me converter na Igreja Bola de Neve (é sério, eu juro). Vários já discursaram trechos da bíblia pra mim. Praticamente todos os taxistas que são falantes me perguntam se 1) Ainda estudo (tenho cara de novinha?); 2) Em qual curso me formei; 3) se sou casada.

Quando a conversa chega nesse ponto (do casamento) ela inevitavelmente segue duas vertentes: a dos que ficam dizendo a importância do casamento para a vida, que eu deveria pensar logo em ter vários filhos (eles falam isso desde que tinha 22 anos) e terminam falando dos próprios casamentos e filhos  - normalmente desabafam sobre o filho ou sobre a mulher. Uma vez um ficou me contando como o filho dele estava se dando bem sendo produtor do programa do Gugu. Outro me contou longamente (um trânsito de quase quatro horas para o aeroporto) sobre como ele conheceu a mulher, como começaram a namorar, como ele pediu a mão dela em casamento para o pai, detalhes do casamento, da festa, dos filhos e, finalmente... como descobriu que ela a traia com o vizinho e a perdoou (e, aparentemente, a mulher continua o traindo até hoje). A outra vertente é a dos taxistas que adoram falar mal da vida a dois. São os taxistas baladeiros, que adoram contar que pegam clientes, que enchem a cara etc. Uma vez um me contou que a cliente fez um striptease espontâneo para  ele (minha reação foi fingir que estava recebendo uma ligação e fingir que estava falando no celular até o final da corrida).

Hoje vim para o trabalho de táxi. De cara, vi que não seria uma corrida tranquila e, para evitar, enfiei a cara no smarphone. Quem disse que adiantou? O cara começou justificando o atraso. Depois, me perguntou se eu ainda trabalhava na TV1 (ele trabalha na rádiotaxi que prestava serviço para minha antiga empresa). Ai, disse que, depois que fizesse minha corrida, que ia malhar. Eu, pra não ser totalmente desagradável soltei um “Ah, bacana...”. Pra que? Fiquei vinte séculos ouvindo que eu PRECISAVA acordar 6h da manhã para ir para a academia fazer o TREINAMENTO MILITAR. Segundo ele, o tal treinamento ajuda a fortalecer a musculatura das costas (será que ele me deu uma indireta dizendo que meu peito tava caído?). E que malhar de manhã era melhor, porque ajudava a acelerar o metabolismo mais do que malhando a noite (?!?!?!?!?!?!?!?!?!?!?!?!).

Em seguida, disse que resistencia era fundamental para aguentar o trânsito. E me perguntou se eu sabia dirigir. Eu: “não e nem quero”. Ai, levei uma lição de moral sobre como a independência da mulher dependia necessariamente de ela saber dirigir e ter o próprio carro. Eu fiz uma cara de paisagem e abri o jornal. Quem disse que adiantou? Ele mudou rapidamente de assunto e começou a falar sobre como ele gosta de beber na madruga. Que trabalha até meia noite e depois vai beber com “os parceria” e pegar mulherada (nunca entenderei a categoria de taxistas garanhões). Ai, me perguntou se eu era casada. Respondi que sim, que era muito bem casada (ahahahahaha) para ver se o infeliz parava com o papo.

Resultado? Ele começou a me explicar os benefícios da vida de solteiro + balada em relação ao casamento e comoo casamento tornava as pessoas velhas. Que ele tinha 54 anos com corpo e cara de 35 porque nunca tinha se casado. Nesse momento, minha vontade era de dar um tiro na cabeça (dele, claro). Normalmente, eu já teria apelado para o truque da chamada falsa, só que meu celular estava sem bateria. Ou seja, as perspectivas eram que eu continuasse a ouvir aquele blá,blá, blá até o final do viagem. Até que resolvi dar uma de louca e... incorporei o discurso dos taxistas evangélicos. Respondi dizendo que isso era contra a lei de Deus, que era um absurdo ele pensar assim, que o homem veio para a terra para formar uma família e procriar e que ele deveria por a mão na consciência dele antes de infringir as leis do todo poderoso.

O taxista ficou quietinho o resto da viagem.



terça-feira, 21 de agosto de 2012

Jamais usarei


Eu vivo em um universo paralelo em que moda passa longe de tendências. Sou daquelas que se acha uma coisa feia, não importa 900 revistas, formadores de opinião, blogs, etc dizendo que é lindo, maravilho e que você PRECISA ter. Não, eu não preciso ter algo que acho ridículo ou que não tenha a ver com meu estilo/personalidade. Dai, a ideia desse post: contar pra vocês alguns itens de moda que JAMAIS entrarão no meu guarda-roupas.

Ressalto desde já: essa lista é estritamente pessoal. Não quero convencer ninguém do meu ponto de vista, até porque cada pessoa tem o seu estilo. Então, considerando o meu, jamais usaria. Mas é uma questão de gosto pessoal e não tem nada a ver com os outros. Esclarecido? Então, vamos à lista!


Sneakers:
Putaqueopariu, de todas as tendências, nada poderia ser mais ridículo. Começo pelos sneakers porque sei que eles estão em alta e eu realmente não consigo entender quem pode achar essa mistura horrorosa de tênis com sapato legal. É feio. Tênis, de uma maneira geral, é algo que eu uso pra fazer exercícios e ponto. Não é pra compor look. Esses sneakers com brilho, salto e sei lá mais o que são ridículos. Nem me pagando um milhão de dólares eu usaria um – quer dizer, por um milhão, eu até poderia provar por cinco minutos.


Isso não é bonito, beijos.
Fonte da foto: eunaotenhoroupa.com

Saia Mullet:
Outra tendência da estação que é horrorosa. Gente, parece que você pulou uma cerca e rasgou um pedaço da roupa! Não tem como ficar bonita com saia mullet. NO máximo, você vai parecer uma daquelas ciganas chatas que ficam insistindo pra ler sua mão. To fora!

Meu comentário sobre esse look: não basta botar a saia, tem que enfiar uma blusa horrorosa e um sneaker! PQP!!!
Fonte: http://www.stealthelook.com.br/



Calça de paetê:
Somente um comentário: andar com uma melancia pendurada no pescoço chama menos atenção.

Sorry pela definição da imagem.
Fonte:  dafiti.com.br

All-star:
Provavelmente serei xingada muito por conta deste item. Como disse, tênis, pra mim, é algo pra usar  pra fazer exercícios. Se ele não tem essa função, não deveria ter nenhuma outra. All-star é o tênis descolado, hype, que nego inventa de usar com saia e meia calça. Ou com calça. Ou com qualquer roupa, certo? Certo, mas nada tira da minha cabeça que all-star não faz sentido nenhum. Ele é confortável. E pra mim, para por ai. Acho feio, deselegante e jamais usaria com nada (podem me apedrejar).


O que é esse all star listrado de cano alto? Vontade de dar um tiro na cabeça.
Fonte: modaquepega.com.br

Camisetas:
Eu sei, de novo, que serei linchada. Mas, camiseta é algo que eu uso somente a do meu time e pra ir no estádio. Outra função é usar para dormir. Eu admito que tem gente que sabe compor looks legais com camisetas, mas eu não me sinto elegante usando uma (aliás, me sinto indo pra cama dormir, no máximo).  Só se salvam as pólos (para looks diurnos).

Tá pagando de gordinha à toa.
Fonte: sempretops.com

Rasteirinha de dedo:
Falem o que quiser. Na minha opinião, NENHUM LOOK DO MUNDO fica legal com rasteirinha de dedo. Eu até consigo, hoje, usar alguns modelos (porque tenho problemas de varizes e salto faz minha perna latejar de dor). Mas NUNCA pra sair à noite. Uso, no máximo, na praia. E tenho dito.

Não, isso não é bonito.
Fonte: dafiti.com


ps. Originalmente publicado no Pluralíssimo. :)

segunda-feira, 13 de agosto de 2012

Eu não quero ter uma tatuagem


Era uma vez um mundo em que ter tatuagem era uma aberração. Pessoas que ousavam marcar o próprio corpo eram discriminadas. Podiam perder vagas de empregos. Criavam crises familiares. Tatuagem era coisa de bandido, vagabundo. Gente decente e trabalhadora não podia marcar o corpo. Se quisesse, tinha que fazer num canto escondido, para não sofrer preconceito. Mas o mundo mudou. Hoje, todo mundo tem tatuagem. É legal, é cool, é incrível. Difícil ter apenas uma, né? Tatuagem é um vício. Fez uma, tem que fazer várias. E todo mundo ficou livre para fazer desenhos, escrever coisas, enfim, se marcar como quiser. Tudo muito bonito e livre. O preconceito contra a tatuagem acabou. Só que não.

Pois é. Hoje, ainda há preconceito relativo à tatuagem. Contra quem não tem. É verdade. Sinto isso sempre que alguém toca no assunto perto de mim. Não tenho tatuagem. Não tenho vontade de ter. Não consigo achar bonito. Quando alguém começa a falar sobre o tema, faço a egípcia e finjo que não é comigo. Se não tiver como escapar, digo que não tenho. “Como assim você não tem? Eu tenho três, faz, dói um pouco, mas é incrível!”. Eu sorrio amarelo e respondo “acho lindo nos outros, mas não tenho coragem”, para não ser desagradável. É, porque,na verdade, eu acho tatuagem horrível. E se eu falar que acho bizarro pintar qualquer coisa no meu corpo, vão me olhar torto (foi o que aconteceu todas as vezes que falei). Mas a verdade é que não gosto de tatuagem. Nunca farei nenhuma.  Impossível não olhar pra uma e imaginar aquela mesma pele daqui há 50 anos, toda enrugada e com aquela tinta. E ai eu me imagino sendo a dona da tatuagem e ela na minha pele enrugada aos 80 anos. Me incomoda. Não rola nem pagando um milhão (eu sei que com um milhão daria pra tatuar, tirar e sobrar um dinheiro, mas daria muito trabalho).

Ressalte-se: não, eu não tenho nada contra quem faz tatuagem. Até porque 90% das pessoas que conheço tem uma. Não pergunto para as pessoas quando as conheço se elas têm tatuagem. Tatuagem não faz ninguém melhor nem pior. Só que eu realmente não acho bonito. Por trabalhar com comunicação/publicidade, uma área em que a diversidade é melhor aceita, convivo com milhares de tatuagens diariamente. Todo mundo tem tatuagem e eu convivo muito bem com elas. Mas, aparentemente, elas não convivem comigo. “Ah, pára, você TEM que fazer uma tatuagem”. Já ouvi isso tantas vezes na vida que perdi as contas. Não, gente, eu não tenho que fazer algo que acho bonito. Ah, mas é o nome da sua mãe. Do filho. Do namorado. É o símbolo japonês da sorte. É um puta desenho lindo,super artístico. É um tribal (mentira, tribal tá fora de moda, pelo menos foi o que ouvi). É um herói. Uma cachoeira. Uma onça. Uma borboleta. Uma estrela. Bacana, meu povo. Só que não vai rolar.

Eu não quero ter uma tatuagem. Não me importa se vou tatuar um lugar onde nunca verei. O simples fato de saber que ela estará lá me dá pânico. Já tenho muitas marcas. Eu tenho uma pinta dentro da minha irís. Tá bom, né? Já tenho uma tatuagem natural, dentro do meu olho. Não quero mais nenhum rabisco no meu corpo. Eu gosto dele do jeito que ele é. Por isso, suplico: da mesma maneira que as pessoas comemoraram o fim do preconceito contra quem tinha tatuagem no passado, eu gostaria de poder optar por não ter uma sem ser olhada com uma cara de que sou um ET.

E viva à liberdade de escolhas. =)

Sim, sou eu. Não, não é uma tatuagem, é apenas um carimbo. Não, não dei like nesse like.



quinta-feira, 9 de agosto de 2012

O outro mundo possível

Queria entender que mundo é esse onde mérito só vale se você for pobre e negro, como se inteligência e talento tivessem classe social. Eu me assusto ao ver que o mundo onde nasci, que, segundo me contam hoje, é preconceituoso, caminha para um mundo sem preconceito onde o seu papel na sociedade, seu mérito e seu talento é decidido no momento do seu nascimento. Não está entendendo nada? Pois é, mas é isso. Aos poucos, cada vez mais vejo comentários como "é fácil conseguir isso sendo rico, sendo filho de quem é". Da mesma maneira que ouço "esse ai sim, tem talento, superou todos os obstáculos e está brilhando".

Não quero generalizar, mas acredito que na ânsia de eliminarmos as barreiras sociais, estamos criando um problema sério em médio e longo prazo. Um racismo ao contrário, do tipo que leva a ministra de desigualdade racial dizer que um negro (por ser negro) tem direito de bater num branco. Não, eu não nego as injustiças raciais e o racismo camuflado do Brasil. Mas acho que, em lugar de se buscar uma verdadeira igualdade de classes/raça, estamos caminhando para um ambiente em que uma classe/raça tenta se sobrepor a outra. É, existe uma luta, e estamos camuflando essa luta com o argumento de "correção histórica". Não, um negro não tem direito de bater num branco por ele ser negro. E vice-versa. Cor de pele não justifica agressão nenhuma. Não é agindo como os brancos agiram no passado que se faz justiça social.

Eu, filha de pai mulato e mãe branca, fico olhando para toda essa briga de classes/raças sem saber o que fazer. Hoje, sou classe média. Mas já fui pobre e sei o que é isso. Não me acho mais talentosa que ninguém de outra classe social/cor por conta disso. Acho que, quem é bom, será bom tendo nascido no barraco ou no berço feito à mão por artesãs francesas. Mérito, talento e inteligência, graças a Deus, não obedecem ao mundo politicamente correto de hoje. Esses dons aparecem aleatoriamente em pessoas de todas as raças, classes e afins. Portanto, eu não aceito nenhum tipo de generalização sobre talento. Mark Zuckberg não era pobre. Nem por isso, podemos diminuir sua genialidade. Chico Buarque, idem. Ele seria mais talentoso se tivesse nascido no morro? Eu não acredito. Ele poderia ter mais dificuldades. Mas gente talentosa e boa brilha independente dos argumentos classistas e racistas disfarçados de justiça social com os quais convivemos hoje.

Eu realmente sonho com um mundo em que ser branco, negro, pobre ou rico não sejam motivos para você ser classificados em estereótipos A ou B. E que seu caráter/talento/mérito sejam julgados unicamente por aquilo que você faz, sem que suas origens possam influenciar A ou B a classificarem seu mérito maior ou menor. Sim, sei que estou pedindo muito. A humanidade tem como característica a luta, o confronto, o embate. Eu só acho que esse embate em que você cria privilégios para compensar o que aconteceu no passado só vai criar mais discriminação, raiva, ódio e problemas. E o que eu acho incrível é que ninguém parece perceber isso.

Tenho vergonha da maneira como os negros foram tratados no passado. Incluindo meu bisavô paterno, filho de escravos alforriados que teve que fugir com a minha bisa, porque ela era branca filha de portugueses. Mas acho que, mais do que olhar para o passado, é hora de olharmos para o futuro se quisermos realmente construir um mundo mais tolerante. E eu realmente não acho que é acirrando a luta de classes ou raças que vamos conseguir chegar nesse outro mundo ideal.








segunda-feira, 6 de agosto de 2012

Breve reflexão sobre o amor.

Amar dá trabalho, exige paciência, abrir mão de muitas coisas, muita boa vontade, especialização em engolir sapos, uma dose gigantesca de sangue-frio, mudar muitas coisas na sua vida/comportamento/rotina, conviver com gente que você possivelmente pode não gostar (pode odiar), fazer coisas que você não quer e, ainda assim, é a melhor coisa do mundo. 

Quem explica? :)