terça-feira, 26 de novembro de 2013

Ser mãe

Tenho planos para a vida desde que me entendo por gente. Amo planejar. Tanto, que esse é meu trabalho. Planejo para os meus clientes e planejo para mim.

Com dez anos, comecei a me planejar para passar no vestibular de uma boa faculdade - aluno de rede pública é assim, ou começa a se planejar bem antes, ou não vai passar em vestibular concorrido, fim.

Ao longo da minha carreira, planejei cada passo, cada empresa, cada novo trabalho. Nunca aceitei um emprego porque precisava de dinheiro. Sempre escolhi vagas de trabalho pensando em como aquilo poderia ~agregar valor ao camarote~ em médio e longo prazo. Isso porque sempre tive um plano: não ser empregada para o resto da vida. Por isso, mudei de função, de área e tentei viver o máximo de experiências possíveis dentro do mundo de comunicação e marketing. Porque sempre sonhei em trabalhar para mim.

E foi assim, que, em meados do ano passado, eu e o Sérgio começamos a falar sobre o plano real de ter nosso próprio negócio. Ou melhor, minto: descobrimos que tínhamos o desejo de ter algo próprio na terceira vez que saímos juntos. Mas sempre foram planos para o futuro, lá pra frente, sabe? Afinal, eu não tinha nem 30 anos (ainda não tenho, só para deixar claro). Mas planos são assim: a gente começa a pensar lá atrás para as coisas acontecerem agora. 

Porque a vida quis (eu prefiro definir dessa forma a série de coincidências que me levaram a abrir a Join+Us), esse plano se tornou realidade para mim em maio. Foi quando pedi demissão, sem ter nenhum cliente em vista, para abrir a empresa. Hoje, passados seis meses, existe uma empresa com clientes, colaboradores e jobs sendo entregues na rua. É uma felicidade imensa, e uma dificuldade maior ainda, porque (desculpem o clichê) não é fácil ser microempresário no Brasil. Na verdade, é uma bosta e tem que ter muita coragem e ser muito conservador pra não falir no primeiro sufoco. Mas, confesso, as coisas estão melhores do que eu mesma imaginava. Mas, tudo isso, era parte de um plano de vida, um plano profissional, que comecei a traçar lá atrás, em 1995.

Na cabeça de quase todas as mulheres, um dia você vai se casar e ter filhos. Tem mulher que é fissurada por esse plano. Eu, como quase todas as mulheres, sempre desejei isso. Mas, confesso, minha carreira sempre foi minha prioridade. Por isso, eu sempre imaginei que casamento e filhos fosse algo pra depois dos 30 e poucos anos. Ter encontrado o Sérgio foi o primeiro passo do projeto "casamento". Eu não estava procurando ninguém, ele me achou, conseguiu me convencer de que era um homem diferente, que me amava e que valia a pena apostar no nosso relacionamento. Foi o que fiz e, após um ano morando juntos, posso dizer que tenho um marido incrível. Estávamos na fase "organização da empresa / começando a pensar em casamento" quando veio a parte não planejada de tudo isso: a Luísa.

Eu sempre planejei abrir uma empresa, casar e ter filhos. Mas nunca imaginei que aconteceria tudo ao mesmo tempo. Quase tive um surto e chorei quatro piscinas olímpicas e meia quando descobri que estava grávida. De susto, de medo, pelas incertezas e, principalmente, por ser algo que não estava no nosso planejamento de vida pelos próximos quatro anos (quem me conhece, sabe que sempre falei que só teria filhos após os 32). Numa noite você tá tomando todas no bar e curtindo a noite com o homem da sua vida e, no dia seguinte, seu teste de gravidez dá positivo. Isso faz algum sentido? Na minha cabeça, não.

Ser mãe não estava nos planos. Me senti uma adolescente que descobre que está grávida e vê o mundo cair. Mas 1) não sou adolescente 2) tenho o melhor marido do mundo 3) estou numa fase de transição profissional, mas nada desesperador. Então, por que não? E foi assim que a Luísa entrou nas nossas vidas. De uma maneira não planejada, não pensada e no susto. Mas quem disse que só o que é planejado é bom? E quem disse que ela não foi planejada? Foi sim. Pelo cara lá de cima. Por algum motivo, ele decidiu que a melhor hora para ela surgir era agora. E foi o que aconteceu. Dada a quantidade de enjoos e azia que estou tendo durante toda a gravidez, ele sabia que era bom que isso acontecesse quando tivesse total liberdade para trabalhar no home office. Esperto esse ser todo poderoso, né? :) Valeu, Deus!

Ser mãe aconteceu. Não foi planejado, não foi calculado, não foi pensado. Mas está sendo incrível, maravilhoso, divino. A cada dia, a cada segundo, a cada chute, a cada enjoo, a cada consulta médica, cada vez que escuto o coração da pequena bater forte, a cada grama a mais na balança (atenção: a partir dos seis meses, cada respiro = +50g) eu acho que tudo está perfeito dentro do não plano de ter filhos antes dos 30. 

E, pra mim, que sempre adorei desafios, fica a conclusão: abrir empresa, engravidar e cuidar de um casamento, tudo ao mesmo tempo, não é simples, não é fácil, não é pra qualquer um. Mas eu nunca fui qualquer uma mesmo.

Por isso, só posso agradecer e dizer que estou muito feliz. :)