quarta-feira, 4 de dezembro de 2013

Grande, gorda, linda e alérgica: eu e a penfigóide gestacional

Hoje acordei me sentindo grande, gorda e linda. É raro. Normalmente, eu me sinto grande, gorda e monstruosa. Principalmente quando tento vestir uma roupa e ela não me cabe. AHHAHAHAH

Mas hoje acordei com o humor ao contrário. Acho que ter visto as fotos da filha da Rafa, a Alice, que nasceu essa madrugada, me deu uma felicidade imensa. Pela Rafa, pela Alice e por imaginar que, em 13 semanas, possivelmente, a Luísa chega. Com a carinha amassada e berrando muito, se Deus quiser.

As últimas semanas foram muito complicadas na minha cabeça. Além da azia, que fica cada vez pior, tive que lidar com coceiras. Descobri que tenho uma doença autoimune raríssima, que acontece com uma em cada 50 mil grávidas. O nome é complexo, parece palavrão: penfigóide gestacional. Quando o dermatologista me disse que só tinha visto cinco casos na vida dele como médico, gelei e quase desmaiei de medo pensando no pior.

A penfigóide gestacional é um tipo de reação alérgica da pele à proteína da placenta que passa pelo cordão umbilical para o corpo da mãe. A pele, ao entrar em contato com a proteína da placenta, identifica ela como um corpo estranho, um invasor. O resultado? Começam a nascer feridas eu podem ser pequenas ou grandes pela barriga, membros e costas com pus, que coçam muito. Dos poucos relatos que encontrei na internet, teve uma grávida com penfigóide que foi erradamente diagnosticada como tendo SARNA e foi tratada com pesticida.

Conhecida como herpes gestacional ou alergia à gravidez, a penfigóide não é nem uma coisa e nem outra. Embora as feridas sejam semelhantes à herpes, essa é uma doença autoimune. Já herpes, é viral. E, tecnicamente, dizer que uma mulher com penfigóide gestacional é alérgica à gravidez não é correto, porque o que causa a reação é a placenta. Mas a gravidez segue normalmente, sem perigo para o bebê - há casos de grávidas com a doença que tiveram parto prematuro, mas a doença é tão rara que não dá pra ter certeza que toda grávida com penfigóide terá parto pré maturo.

Mas claro que, na primeira consulta com o Dr. Adilson Costa, o dermatologista incrível que minha obstetra indicou pra mim (e que eu super indico pra todo mundo, vale cada centavo a consulta), eu não entendi. Sai do consultório perdida, desnorteada, louca, chorando e rezando pra Deus pra ele cuidar da Luísa. Claro que, depois, o Sérgio me acalmou, a internet me acalmou e o próprio Dr. Adilson me acalmou na consulta que fiz para fazer uma biópsia da lesão (e confirmar o diagnóstico) e iniciar o tratamento. Já comecei com anti-histamínico e sinto que as coceiras melhoraram muito. Tive sorte de ter uma obstetra excelente, que me indicou um dermatologista muito bom, que soube diagnosticar a doença logo no início. Meu caso é leve e tudo deve ficar bem comigo - e com a Luísa também, claro, que é o que importa!

Decidi escrever esse post porque fiquei muito mal quando recebi o diagnóstico. Fiquei me culpando por ser "alérgica" a minha filha. Claro que isso é uma grande bobagem, gerada pela preocupação natural de toda grávida, pelo instinto materno que faz a gente só pensar na prole. E, se de alguma forma, alguma mãe for futuramente diagnosticada com penfigóide gestacional e ler esse texto por acaso, ficarei feliz em falar pra ela que não é pra ter medo, não é pra se sentir mal, não é pra se desesperar. Procure um bom médico, faça o tratamento, que tudo dará certo. Também escrevi esse post porque, quando descobri que tinha a doença, achei pouquíssimas informações no Google. Tirando os artigos médicos, achei algumas poucas matérias super sensacionalistas dizendo que essa é a alergia mais estranha do mundo e que penfigóide é alergia à gravidez. Esqueça essas chamadas, feitas para gerarem cliques.

Penfigóide gestacional é uma doença rara, autoimune, que coça, enche o saco, mas não é mais perigosa que pressão alta, diabetes gestacional ou outras doenças de grávidas que todo médico conhece e fala pra gente tomar cuidado. Por isso, não se desespere, que tudo dará certo. :)

Por último: 27 semanas. Firmes e fortes rumo ao terceiro trimestre. Grande, gorda, linda e alérgica. E cada vez mais mãe da Luísa. Essa sou eu. Feliz e agradecida por saber que o único problema com a Luisa, até o momento, é que ela tá ficando sem espaço pra dar piruetas e chutinhos na barriga. :)





4 comentários:

Unknown disse...

Ola, eu vi seu relato me passou mil coisas na minha cabeça, tive penfigoide gestacional em 2011, moro em Campos do Jordão, foi muito difícil pois na minha cidade não temos recursos, quando comecei a ter os sinais passei em vários especialistas mas ninguém conseguia identificar o que realmente ocorria, fui para uma outra cidade Taubaté onde temos um hospital escola fui ´estudada´tomei varias doses de anti alérgicos, calmantes pois não dormia de tanta cosseira, me sentia mau em saber que tinha alergia ao meu filho, mais isso realmente é coisas de nossa cabeça, hoje meu filhote tem 3 anos lindo com muita saúde ele nasceu prematuro mas nada impedido, e hoje muito feliz......

Anônimo disse...

Ola . meu nome e William ,minha mulher tambem teve penfigoide gestacional a 4 anos e meio atraz . nao foi facil pois o caso dela se agravou ate descobrir o que era ....passamos aus momentos ...hoje nosso filho esta lindo ...sempre tivemos a vontade de ter outro filho mas o medo de acontecer de novo baseado nos 50% de chance nos impediram ...ainda temos um restinho de esperanca .....Voces tiveram outros filhos depois da primeira vez ?

Abracos

William

Suzeane disse...

Olá, no meu caso foi mais grave.Mas nada que um bom médico,ou no meu caso bons médicos não amenizem com tratamento adequado. Tenho um casa dr filhos e a penfigóide apareceu na gravidez dos dois e como foi dito no texto, meu parto foi prematuro.minha filha que hoje tem 10 anos nasceu de 34 semanas e meu filho de 5 anos nasceu de 33 semanas. Os dois são lindos e saudáveis. Passei por um bocado até descobrir o que eu tinha...mas prefiro deixar essa parte de lado. E digo com todo meu coração que por eles passaria por tudo outra vez!

Unknown disse...

Boa noite,
No meu caso, estou tendo penfigóide gestacional, surgiu no 4 mes de gestação, entrei em desespero a princípio pois não sabia o q podia ser, fui em 5 médicos, mas nenhum havia me dado um diagnóstico preciso e eu ficava ainda mais desesperada c medo de afetar meu baby, mas graças a Deus, enconyrei a Dr.Priscila - dermatologista excelente, q só de me ver já matou a charada de cara, foi um alívio, ela me acalmou muito, e minha sorte tbm q saiu somente nos meus braços e pouquinho no pescoço, ela entrou c medicamento Corticoide, e TD começou a sumir aos poucos, tbm está diminuindo as doses aos poucos do remedre, em fim agradeço muito ter encontrado ela foi um alívio.
Mas isso em algumas mulheres, ela pode ir até o final da gestação e uns meses depois tbm. Mas ela me garantiu some TD, e não passa p o baby.
Me sinto hj aliviada, pq só me vejo melhorando a cada dia.
Isso passa, não entre em desespero, só fazer tratamento certinho e não tomar sol de forma alguma na região afetada p não ficar c manchas após parto. Procure um Dermatologista de confiança e com mais experiência na área. Curta sua gravidez, isso não é contagioso p ninguém, tudo passará!!!

Bjs

Edivania