Fazer aniversário sempre me faz parar e repensar os erros e
acertos do ano que passou e da vida em geral. Procuro sempre olhar e ver se
tenho sido uma pessoa melhor ou. Analiso os desafios, os dilemas, os problemas
que aconteceram, como lidei com eles e o que poderia ter sido feito diferente.
Acho que poucos anos foram tão intensos na minha vida como
esse que passou. Foram muitas lições aprendidas e muitas situações novas, com
as quais não sabia lidar, que vivi. Aprendi a amar e descobri a diferença entre
amor, carinho e paixão. Também descobri a responsabilidade que um sentimento
tão grande e tão importante exige de nós. Aprendi que é preciso se dedicar, ser
transparente o tempo inteiro, ter lado, ter paciência, tentar compreender,
tentar não perder a cabeça nos momentos difíceis (que foram vários). E que tudo
isso é cansativo, é pesado e pode acabar com esse sentimento tão lindo se você
não souber viver tudo isso como deve ser vivido. Aprendi que egoísmo não combina
com amor e que amar é, antes de tudo, se por no lugar do outro (sim, é clichê,
mas é incrível como é difícil viver esse clichê no dia-a-dia de um
relacionamento).
Fico feliz que uma lição tão grande e importante tenha sido
me dada após outra lição que aprendi, no ano anterior: a de saber SE amar. Não
tem como você amar verdadeiramente alguém se você não se ama. Porque é o amor
próprio que equilibra a balança e faz com que você saiba qual situação você tem
que entender e esperar e qual você tem que bater o pé e insistir no seu ponto
de vista. E não saber essa lição pode inviabilizar qualquer relacionamento, por
mais que o amor seja daqueles para a vida inteira. Aprendi, ainda, que quando
você realmente ama alguém e é amado, não pode existir espaço para medos ou
vergonhas. Confiança só se contrói com o cultivo diário da verdade e o longo
prazo só se sustenta se as coisas forem assim. Se não há confiança mútua, se
você tem medo de falar algo para a pessoa que você ama, você tem um problema
muito grande na sua vida. Mesmo que a verdade seja dura, ela precisa ser dita,
desenhada e legendada em braile.
E por que se dedicar tanto se não amar é mais fácil? Porque
a recompensa recebida não tem preço. Nenhum dinheiro do mundo paga a sensação
que é olhar para o amor da sua vida e vê-lo sorrindo para você, por você.
Entender o quanto isso é grandioso e o real valor de algo que parece tão
singelo é uma lição para a vida que poucas pessoas aprendem.
Outro aprendizado gigantesco que tive nesse ano que passou
está relacionado ao perdão. É incrível como é bom e como você se transforma
quando você aprende a perdoar. Eu sempre fui uma pessoa “coração mole” (ou,
como me dizem algumas amigas, boazinha demais, quase tonta). Só que, quando
pela primeira vez na vida passei por uma situação realmente difícil, eu fiquei
muito magoada, remoendo raiva. Isso fez com que eu me comportasse de algumas
maneiras que não gosto. Me portei como vítima, fiz pessoas sentirem pena de
mim, falei mal da pessoa com a qual tive um atrito. Não, isso não é legal, não
é bacana, por mais que eu tivesse toda a razão do mundo. Nada é mais humilhante para um ser humano que
despertar pena nos outros, e foi exatamente o que fiz, motivada pelo ódio, pela
mágoa. Fiz com que as pessoas tivesse raivam de outrém e pena de mim e eu não
me orgulho disso. Porque eu não ganhei absolutamente NADA de bom para mim com
esse comportamento.
Mas, no ano que passou, eu consegui perdoar. Perdoar de
maneira sincera, do fundo do coração. E se livrar da mágoa, da raiva, é a
melhor coisa que pode acontecer para você mesma. Perdoar te dá uma sensação
incrível de liberdade, de felicidade, de paz de espírito, de estar bem consigo
mesma. Você olhar no fundo do olho de alguém que você não suportava e sentir
carinho, não sentir nada ruim é uma sensação indescritível, que traz uma paz de
espírito infinita. Principalmente quando a pessoa em questão é uma das suas
melhores amigas há anos. E o melhor de tudo: consegui admitir que errei e pedir
desculpas pelo meu comportamento. Normalmente eu diria: não tenho motivo nenhum
para pedir desculpas para alguém que me magoou e traiu. Só que o ato de perdoar
passa pela conscientização de todos errados, incluindo quem é “vítima”.
Portanto, saber pedir desculpas é algo intríseco ao perdão.
Por último, nesse ano que passou, eu aprendi como é péssimo
julgar o outro. Porque julguei e por ter sido julgada, tenho vergonha por mim e
por outros. Incrível como o ser humano, fingindo ser amigo, gosta de julgar,
condenar, punir, apenas pelo “circo”. Não importa se a justiça está sendo
feito, se a vítima está sendo confortada. O que importa é a fofoca, a desgraça alheia,
as ofensas, o choro, o grito de dor, o pão e circo. Longe de mim me achar
perfeita – tenho muita consciência de todos os meus aspectos negativos – mas eu
me orgulho de ter aprendido que não é jogando lenha na fogueira que se apaga o
fogo e ter trazido essa lição para a minha rotina. Do fundo do coração, eu só
desejo que algumas pessoas possam por a mão na consciência e enxergarem quanto
elas fazem de mal fingindo estar “sendo amiga e fazendo o bem”.
E desejo simplesmente porque aprendi essa lição e tenho
plena consciência do quanto a paz de deitar e dormir sem nenhum peso na
consciência, ciente de que você fez o possível para fazer feliz as pessoas que
você ama e com as quais se importa, é o maior bem que você pode fazer para si
mesma.