segunda-feira, 17 de setembro de 2012

A insanidade de ser torcedor ou podem me chamar de louca


Ainda não achei atividade mais insana nessa vida que ser torcedor de futebol. Que me desculpem os homens-bomba, mas se explodir é fácil. Duro é aguentar as piadas dos rivais depois de uma série de papelões e um rebaixamento para a série B (segundo em dez anos) quase certo. E, mesmo assim, lá no fundo, mas bem lá no fundo, acreditar que ainda dá (ora, pois, se o Fluminense se salvou em 2009, por que o Palmeiras não poderia se salvar?).

Faz algum sentido xingar enlouquecidamente a televisão a cada lance? Ligar a TV sabendo que vai passar raiva e mesmo assim, não conseguir não fazer isso? Saber que o Luan é burro, vê-lo fazer burrice, xingá-lo de burro e ainda sim, defendê-lo do árbitro fdp? Faz sentido ver seu time perder jogando bem e continuar assistindo à sessão de tortura em grupo? Não, não faz. Mas alguma coisa no futebol faz sentido?

Sou completamente contra violência. Não aprovo nego que depreda estádio, restaurante de dirigente nem agressões e afins. Mas joguei meu celular com tudo no chão, duas vezes, ontem, nos dois gols do Corinthians (bom, é meu patrimônio, não estou causando danos a terceiros, tenho o direito de depredá-lo). De onde vem a raiva que move um torcedor, sinceramente, não sei. Sei que ela é grande, gigantesca, absurda. Capaz de acabar com seu dia, estragar seu final de semana, te deixar com um humor de merda e com vontade de mandar o planeta para a merda. E capaz de fazer com que pessoas quebrem cadeiras no estádio, pixem muros e depredem restaurantes de dirigentes.

O que acontece com o Palmeiras hoje é revoltante em todos os aspectos. Por isso, dessa vez, não vou chamar ninguém de marginal pelos acontecimentos de ontem. Porque, embora não aprove, entendo a atitude, porque sinto a mesma raiva (e me considero superior por consegui-la conter, claro). Aos fatos: esse time é ruim. Mas nem tanto. Poderia terminar o campeonato, fácil, entre os dez primeiros. É melhor que Figueirense, Sport, Atlético Goianiense, Coritiba, Bahia, Naútico e Flamengo com facilidade. Mas somos os penúltimos (no salvo de gols) porque os jogadores são um bando de chinelo. Não estão com vontade de jogar. O time é bem armado. Ontem, mesmo jogando praticamente o tempo inteiro com um a menos, jogou bem. Como jogou contra Atlético Mineiro, Vasco e Santos. E perdeu todos os jogos.

Eu não acho mesmo que esse é time para cair. Basta ver os jogos. O problema do elenco é que jogador de futebol virou um bando de mimado. Ou as coisas são como querem, ou eles fazem o que querem. Não têm o menor pudor em fazer uma torcida gigantesca e apaixonada sofrer um ano na série B. E isso não é só com Palmeiras. Isso é uma praga em todos os times. Como alguém disse no twitter, entendo um Evair derrubando um PC Gusmão. Agora, esse bando de jogador mediano derrubar grandes técnicos, como o Felipão, é reflexo direto da mediocridade que virou nosso futebol.

Sim, o futebol brasileiro está cada vez mais medíocre. Exemplo? Valdívia e Douglas ganharem salário de R$ 400 mil. Sério, os dois seriam reservas, no máximo, nos grandes times de Palmeiras e Corinthians da década de 90. Mas não tiro o demérito da diretoria do Palmeiras (de todas na última década): é uma diretoria ruim, fraca e perdida. Nem o presidente e nem o VP de futebol têm pulso firme, culhões, saco roxo, bolas, para segurar o elenco na mão. E o resultado é isso: um bando de jogador meia boca, sem tesão em por a bola no fundo do gol, jogando um time que não era pra cair para o fundo do poço.

Como torcedora racional, eu quero é comprar o ppv da série B. Como torcedora de verdade, eu acho que dá pra escapar. Mas tem que ganhar do Figueirense, Náutico, Bahia obrigatoriamente. Como disse no início: se o Fluminense escapou em 2009, dá para o Palmeiras escapar esse ano. Mas alguém vai ter que pó de mico no calção dos jogadores pra fazer os FDP´s acordarem para a vida. Daqui até o final do campeonato, serão 13 finais de Copa do Brasil. Por favor, malditos jogadores, joguem essas partidas como jogaram o Campeonato que acabaram de vencer.

E para fechar o texto, a única coisa que consigo realmente pensar diante desse drama inteiro: Palmeiras, eu amo você. Vamos escapar dessa porque milagres existem. Milagres acontecem. E um milagre vai acontecer.

Podem me chamar de louca.

terça-feira, 28 de agosto de 2012

Ah... taxistas...


Oi, meu nome é Núbia, tenho 27 anos e não sei dirigir. Morando em São Paulo, o que isso traz de fato para minha vida é: eu acabo usando muito taxi quando preciso. Particularmente, eu não vejo problemas. É mais barato que manter o carro e não tenho que me estressar com o trânsito. Posso ler ou usar meu smartphone sem me preocupar em bater no carro da frente. Quase o mundo perfeito, exceto por um pequeno detalhe: os taxistas.

Às vezes a  gente dá sorte e o cara fica mudo, ou pergunta o mínimo. Mas, em média, o táxista é um problema em 60% das corridas. Eu confesso que alguns eu até dou trela e deixo falarem, principalmente aqueles tiozinhos que adoram falar sobre a filha, o filho, o neto. Acho engraçado. Já ouvi algumas histórias interessantes de vida, como um taxista queme levou para Guarulhos e, durante o trajeto (congestionado) contou como ele virou taxista. O cara era analfabeto, chegou em São Paulo depois de viajar quase dois meses pegando carona vindo do Piauí e hoje tinha três taxis, quatro casas e tinha formado todos os filhos na faculdade. Acho muito legal esse tipo de história, porque mostra a importância do trabalho e do esforço para a gente crescer. Por outro lado... Já tive diálogos surreais com taxistas. Uma vez peguei um que não sabia onde era a MARGINAL PINHEIROS. Outro ficou me contando como todas as mulheres do bairro dele queriam pegá-lo (ZzzzzzZzzzzz). Um tentou me converter na Igreja Bola de Neve (é sério, eu juro). Vários já discursaram trechos da bíblia pra mim. Praticamente todos os taxistas que são falantes me perguntam se 1) Ainda estudo (tenho cara de novinha?); 2) Em qual curso me formei; 3) se sou casada.

Quando a conversa chega nesse ponto (do casamento) ela inevitavelmente segue duas vertentes: a dos que ficam dizendo a importância do casamento para a vida, que eu deveria pensar logo em ter vários filhos (eles falam isso desde que tinha 22 anos) e terminam falando dos próprios casamentos e filhos  - normalmente desabafam sobre o filho ou sobre a mulher. Uma vez um ficou me contando como o filho dele estava se dando bem sendo produtor do programa do Gugu. Outro me contou longamente (um trânsito de quase quatro horas para o aeroporto) sobre como ele conheceu a mulher, como começaram a namorar, como ele pediu a mão dela em casamento para o pai, detalhes do casamento, da festa, dos filhos e, finalmente... como descobriu que ela a traia com o vizinho e a perdoou (e, aparentemente, a mulher continua o traindo até hoje). A outra vertente é a dos taxistas que adoram falar mal da vida a dois. São os taxistas baladeiros, que adoram contar que pegam clientes, que enchem a cara etc. Uma vez um me contou que a cliente fez um striptease espontâneo para  ele (minha reação foi fingir que estava recebendo uma ligação e fingir que estava falando no celular até o final da corrida).

Hoje vim para o trabalho de táxi. De cara, vi que não seria uma corrida tranquila e, para evitar, enfiei a cara no smarphone. Quem disse que adiantou? O cara começou justificando o atraso. Depois, me perguntou se eu ainda trabalhava na TV1 (ele trabalha na rádiotaxi que prestava serviço para minha antiga empresa). Ai, disse que, depois que fizesse minha corrida, que ia malhar. Eu, pra não ser totalmente desagradável soltei um “Ah, bacana...”. Pra que? Fiquei vinte séculos ouvindo que eu PRECISAVA acordar 6h da manhã para ir para a academia fazer o TREINAMENTO MILITAR. Segundo ele, o tal treinamento ajuda a fortalecer a musculatura das costas (será que ele me deu uma indireta dizendo que meu peito tava caído?). E que malhar de manhã era melhor, porque ajudava a acelerar o metabolismo mais do que malhando a noite (?!?!?!?!?!?!?!?!?!?!?!?!).

Em seguida, disse que resistencia era fundamental para aguentar o trânsito. E me perguntou se eu sabia dirigir. Eu: “não e nem quero”. Ai, levei uma lição de moral sobre como a independência da mulher dependia necessariamente de ela saber dirigir e ter o próprio carro. Eu fiz uma cara de paisagem e abri o jornal. Quem disse que adiantou? Ele mudou rapidamente de assunto e começou a falar sobre como ele gosta de beber na madruga. Que trabalha até meia noite e depois vai beber com “os parceria” e pegar mulherada (nunca entenderei a categoria de taxistas garanhões). Ai, me perguntou se eu era casada. Respondi que sim, que era muito bem casada (ahahahahaha) para ver se o infeliz parava com o papo.

Resultado? Ele começou a me explicar os benefícios da vida de solteiro + balada em relação ao casamento e comoo casamento tornava as pessoas velhas. Que ele tinha 54 anos com corpo e cara de 35 porque nunca tinha se casado. Nesse momento, minha vontade era de dar um tiro na cabeça (dele, claro). Normalmente, eu já teria apelado para o truque da chamada falsa, só que meu celular estava sem bateria. Ou seja, as perspectivas eram que eu continuasse a ouvir aquele blá,blá, blá até o final do viagem. Até que resolvi dar uma de louca e... incorporei o discurso dos taxistas evangélicos. Respondi dizendo que isso era contra a lei de Deus, que era um absurdo ele pensar assim, que o homem veio para a terra para formar uma família e procriar e que ele deveria por a mão na consciência dele antes de infringir as leis do todo poderoso.

O taxista ficou quietinho o resto da viagem.



terça-feira, 21 de agosto de 2012

Jamais usarei


Eu vivo em um universo paralelo em que moda passa longe de tendências. Sou daquelas que se acha uma coisa feia, não importa 900 revistas, formadores de opinião, blogs, etc dizendo que é lindo, maravilho e que você PRECISA ter. Não, eu não preciso ter algo que acho ridículo ou que não tenha a ver com meu estilo/personalidade. Dai, a ideia desse post: contar pra vocês alguns itens de moda que JAMAIS entrarão no meu guarda-roupas.

Ressalto desde já: essa lista é estritamente pessoal. Não quero convencer ninguém do meu ponto de vista, até porque cada pessoa tem o seu estilo. Então, considerando o meu, jamais usaria. Mas é uma questão de gosto pessoal e não tem nada a ver com os outros. Esclarecido? Então, vamos à lista!


Sneakers:
Putaqueopariu, de todas as tendências, nada poderia ser mais ridículo. Começo pelos sneakers porque sei que eles estão em alta e eu realmente não consigo entender quem pode achar essa mistura horrorosa de tênis com sapato legal. É feio. Tênis, de uma maneira geral, é algo que eu uso pra fazer exercícios e ponto. Não é pra compor look. Esses sneakers com brilho, salto e sei lá mais o que são ridículos. Nem me pagando um milhão de dólares eu usaria um – quer dizer, por um milhão, eu até poderia provar por cinco minutos.


Isso não é bonito, beijos.
Fonte da foto: eunaotenhoroupa.com

Saia Mullet:
Outra tendência da estação que é horrorosa. Gente, parece que você pulou uma cerca e rasgou um pedaço da roupa! Não tem como ficar bonita com saia mullet. NO máximo, você vai parecer uma daquelas ciganas chatas que ficam insistindo pra ler sua mão. To fora!

Meu comentário sobre esse look: não basta botar a saia, tem que enfiar uma blusa horrorosa e um sneaker! PQP!!!
Fonte: http://www.stealthelook.com.br/



Calça de paetê:
Somente um comentário: andar com uma melancia pendurada no pescoço chama menos atenção.

Sorry pela definição da imagem.
Fonte:  dafiti.com.br

All-star:
Provavelmente serei xingada muito por conta deste item. Como disse, tênis, pra mim, é algo pra usar  pra fazer exercícios. Se ele não tem essa função, não deveria ter nenhuma outra. All-star é o tênis descolado, hype, que nego inventa de usar com saia e meia calça. Ou com calça. Ou com qualquer roupa, certo? Certo, mas nada tira da minha cabeça que all-star não faz sentido nenhum. Ele é confortável. E pra mim, para por ai. Acho feio, deselegante e jamais usaria com nada (podem me apedrejar).


O que é esse all star listrado de cano alto? Vontade de dar um tiro na cabeça.
Fonte: modaquepega.com.br

Camisetas:
Eu sei, de novo, que serei linchada. Mas, camiseta é algo que eu uso somente a do meu time e pra ir no estádio. Outra função é usar para dormir. Eu admito que tem gente que sabe compor looks legais com camisetas, mas eu não me sinto elegante usando uma (aliás, me sinto indo pra cama dormir, no máximo).  Só se salvam as pólos (para looks diurnos).

Tá pagando de gordinha à toa.
Fonte: sempretops.com

Rasteirinha de dedo:
Falem o que quiser. Na minha opinião, NENHUM LOOK DO MUNDO fica legal com rasteirinha de dedo. Eu até consigo, hoje, usar alguns modelos (porque tenho problemas de varizes e salto faz minha perna latejar de dor). Mas NUNCA pra sair à noite. Uso, no máximo, na praia. E tenho dito.

Não, isso não é bonito.
Fonte: dafiti.com


ps. Originalmente publicado no Pluralíssimo. :)

segunda-feira, 13 de agosto de 2012

Eu não quero ter uma tatuagem


Era uma vez um mundo em que ter tatuagem era uma aberração. Pessoas que ousavam marcar o próprio corpo eram discriminadas. Podiam perder vagas de empregos. Criavam crises familiares. Tatuagem era coisa de bandido, vagabundo. Gente decente e trabalhadora não podia marcar o corpo. Se quisesse, tinha que fazer num canto escondido, para não sofrer preconceito. Mas o mundo mudou. Hoje, todo mundo tem tatuagem. É legal, é cool, é incrível. Difícil ter apenas uma, né? Tatuagem é um vício. Fez uma, tem que fazer várias. E todo mundo ficou livre para fazer desenhos, escrever coisas, enfim, se marcar como quiser. Tudo muito bonito e livre. O preconceito contra a tatuagem acabou. Só que não.

Pois é. Hoje, ainda há preconceito relativo à tatuagem. Contra quem não tem. É verdade. Sinto isso sempre que alguém toca no assunto perto de mim. Não tenho tatuagem. Não tenho vontade de ter. Não consigo achar bonito. Quando alguém começa a falar sobre o tema, faço a egípcia e finjo que não é comigo. Se não tiver como escapar, digo que não tenho. “Como assim você não tem? Eu tenho três, faz, dói um pouco, mas é incrível!”. Eu sorrio amarelo e respondo “acho lindo nos outros, mas não tenho coragem”, para não ser desagradável. É, porque,na verdade, eu acho tatuagem horrível. E se eu falar que acho bizarro pintar qualquer coisa no meu corpo, vão me olhar torto (foi o que aconteceu todas as vezes que falei). Mas a verdade é que não gosto de tatuagem. Nunca farei nenhuma.  Impossível não olhar pra uma e imaginar aquela mesma pele daqui há 50 anos, toda enrugada e com aquela tinta. E ai eu me imagino sendo a dona da tatuagem e ela na minha pele enrugada aos 80 anos. Me incomoda. Não rola nem pagando um milhão (eu sei que com um milhão daria pra tatuar, tirar e sobrar um dinheiro, mas daria muito trabalho).

Ressalte-se: não, eu não tenho nada contra quem faz tatuagem. Até porque 90% das pessoas que conheço tem uma. Não pergunto para as pessoas quando as conheço se elas têm tatuagem. Tatuagem não faz ninguém melhor nem pior. Só que eu realmente não acho bonito. Por trabalhar com comunicação/publicidade, uma área em que a diversidade é melhor aceita, convivo com milhares de tatuagens diariamente. Todo mundo tem tatuagem e eu convivo muito bem com elas. Mas, aparentemente, elas não convivem comigo. “Ah, pára, você TEM que fazer uma tatuagem”. Já ouvi isso tantas vezes na vida que perdi as contas. Não, gente, eu não tenho que fazer algo que acho bonito. Ah, mas é o nome da sua mãe. Do filho. Do namorado. É o símbolo japonês da sorte. É um puta desenho lindo,super artístico. É um tribal (mentira, tribal tá fora de moda, pelo menos foi o que ouvi). É um herói. Uma cachoeira. Uma onça. Uma borboleta. Uma estrela. Bacana, meu povo. Só que não vai rolar.

Eu não quero ter uma tatuagem. Não me importa se vou tatuar um lugar onde nunca verei. O simples fato de saber que ela estará lá me dá pânico. Já tenho muitas marcas. Eu tenho uma pinta dentro da minha irís. Tá bom, né? Já tenho uma tatuagem natural, dentro do meu olho. Não quero mais nenhum rabisco no meu corpo. Eu gosto dele do jeito que ele é. Por isso, suplico: da mesma maneira que as pessoas comemoraram o fim do preconceito contra quem tinha tatuagem no passado, eu gostaria de poder optar por não ter uma sem ser olhada com uma cara de que sou um ET.

E viva à liberdade de escolhas. =)

Sim, sou eu. Não, não é uma tatuagem, é apenas um carimbo. Não, não dei like nesse like.



quinta-feira, 9 de agosto de 2012

O outro mundo possível

Queria entender que mundo é esse onde mérito só vale se você for pobre e negro, como se inteligência e talento tivessem classe social. Eu me assusto ao ver que o mundo onde nasci, que, segundo me contam hoje, é preconceituoso, caminha para um mundo sem preconceito onde o seu papel na sociedade, seu mérito e seu talento é decidido no momento do seu nascimento. Não está entendendo nada? Pois é, mas é isso. Aos poucos, cada vez mais vejo comentários como "é fácil conseguir isso sendo rico, sendo filho de quem é". Da mesma maneira que ouço "esse ai sim, tem talento, superou todos os obstáculos e está brilhando".

Não quero generalizar, mas acredito que na ânsia de eliminarmos as barreiras sociais, estamos criando um problema sério em médio e longo prazo. Um racismo ao contrário, do tipo que leva a ministra de desigualdade racial dizer que um negro (por ser negro) tem direito de bater num branco. Não, eu não nego as injustiças raciais e o racismo camuflado do Brasil. Mas acho que, em lugar de se buscar uma verdadeira igualdade de classes/raça, estamos caminhando para um ambiente em que uma classe/raça tenta se sobrepor a outra. É, existe uma luta, e estamos camuflando essa luta com o argumento de "correção histórica". Não, um negro não tem direito de bater num branco por ele ser negro. E vice-versa. Cor de pele não justifica agressão nenhuma. Não é agindo como os brancos agiram no passado que se faz justiça social.

Eu, filha de pai mulato e mãe branca, fico olhando para toda essa briga de classes/raças sem saber o que fazer. Hoje, sou classe média. Mas já fui pobre e sei o que é isso. Não me acho mais talentosa que ninguém de outra classe social/cor por conta disso. Acho que, quem é bom, será bom tendo nascido no barraco ou no berço feito à mão por artesãs francesas. Mérito, talento e inteligência, graças a Deus, não obedecem ao mundo politicamente correto de hoje. Esses dons aparecem aleatoriamente em pessoas de todas as raças, classes e afins. Portanto, eu não aceito nenhum tipo de generalização sobre talento. Mark Zuckberg não era pobre. Nem por isso, podemos diminuir sua genialidade. Chico Buarque, idem. Ele seria mais talentoso se tivesse nascido no morro? Eu não acredito. Ele poderia ter mais dificuldades. Mas gente talentosa e boa brilha independente dos argumentos classistas e racistas disfarçados de justiça social com os quais convivemos hoje.

Eu realmente sonho com um mundo em que ser branco, negro, pobre ou rico não sejam motivos para você ser classificados em estereótipos A ou B. E que seu caráter/talento/mérito sejam julgados unicamente por aquilo que você faz, sem que suas origens possam influenciar A ou B a classificarem seu mérito maior ou menor. Sim, sei que estou pedindo muito. A humanidade tem como característica a luta, o confronto, o embate. Eu só acho que esse embate em que você cria privilégios para compensar o que aconteceu no passado só vai criar mais discriminação, raiva, ódio e problemas. E o que eu acho incrível é que ninguém parece perceber isso.

Tenho vergonha da maneira como os negros foram tratados no passado. Incluindo meu bisavô paterno, filho de escravos alforriados que teve que fugir com a minha bisa, porque ela era branca filha de portugueses. Mas acho que, mais do que olhar para o passado, é hora de olharmos para o futuro se quisermos realmente construir um mundo mais tolerante. E eu realmente não acho que é acirrando a luta de classes ou raças que vamos conseguir chegar nesse outro mundo ideal.








segunda-feira, 6 de agosto de 2012

Breve reflexão sobre o amor.

Amar dá trabalho, exige paciência, abrir mão de muitas coisas, muita boa vontade, especialização em engolir sapos, uma dose gigantesca de sangue-frio, mudar muitas coisas na sua vida/comportamento/rotina, conviver com gente que você possivelmente pode não gostar (pode odiar), fazer coisas que você não quer e, ainda assim, é a melhor coisa do mundo. 

Quem explica? :)


quinta-feira, 26 de julho de 2012

Para refletir

Quando tomados por nossa dor, ficamos aprisionados pelo peso de nossa tristeza, e não conseguimos enxergar a dor das pessoas mais próximas.

Não importa o quanto nos sintamos mal, sempre haverá alguém pior. Lembre-se disso hoje e encontre formas de se livrar do peso do medo e da dúvida, para que você possa ajudar outra pessoa.


By Yehuda Berg.





quarta-feira, 18 de julho de 2012

O melhor lugar para se estar

Acho legal quando alguém vem falar que lê meu blog. Principalmente porque esse é um blog pessoal, atualizado conforme minha inspiração e disposição (ou seja, quase nunca) e quase um diário. Não é especializado em nada, não tem pauta definida.

Tudo o que escrevo aqui são idéias que surgem e não se conformam em ficarem presas dentro da minha cabeça - elas se rebelam e correm para cá. Muita coisa não deve fazer sentido para muita gente, porque esse blog é escrito essencialmente para mim. Eu sou o público-alvo do meu blog. Curiosamente, há quem leia e goste. É surpreendente e estimulante.

Gostaria de poder entrar na cabeça de cada pessoa que acessa este blog e entender como vocês interpretam cada frase, cada texto. Aposto que fazem uma leiteira completamente diferente da minha. E, por isso mesmo, me divirto imaginando os pensamentos de vocês. Aliás, adoro imaginar o que se passa na cabeça dos outros. Não só sobre meus textos, mas sobre pessoas em geral.

Exemplo: ontem eu estava saindo de casa para ir vir para a casa do meu namorado. Ao lado da minha casa, tem um viaduto, onde sempre encontro moradores de rua dormindo lá. Estou acostumada com eles. Não me assusto; muito pelo contrário, me sinto mais segura com a presença deles. Sempre reparo, olho e, se tiver abertura, cumprimento.  Mas ontem foi diferente.

Olhei e lá estava aquele casal dormindo abraçado, de conchinha. Chovia muito e era quase um milagre que o lugar onde eles dormiam estivesse sequinho. Fazia muito frio também. Enrolados numa manta cinza, abraçados, como se estivessem dormindo no lugar mais quentinho e confortável do mundo. Estariam sonhando? Se sim, sonhando com o que? Com uma vida melhor? Com uma casa? Com emprego? Com filhos? Com o futuro? Fiquei olhando a cena, emocionada. Continuei minha caminhada até o ponto de táxi, mas sem tirar a imagem da cabeça.

No meio do frio e da chuva, aquele casal de mendigos, sem perspectiva de ter aquilo que costumamos chamar de vida normal, vida de classe média, dormia abraçado. Um agarrado ao outro. O homem abraçando a mulher. Como eu faço com o meu namorado. Como qualquer casal que se ama faz quando tem sono: se envolve no melhor braço do mundo e domer o sono dos anjos.

Como disse meu amigo Henrique no Twitter hoje,"tem lugar melhor no mundo para estar do que nos braços de quem a gente ama?".

É. Não tem. Na chuva, na rua, no frio, no asfalto, ou na cama com lençóis limpos e edredon quentinho. O melhor lugar para se estar é estar com quem se ama.


quinta-feira, 5 de julho de 2012

Tik tok, tik tok, tik tok...


O tempo passa. Só que não. Você olha. O tempo se arrasta. O estômago dói. Você sente a presença dela. Ela chega, senta e, daquele jeito que só ela tem, ela olha para você. Você fica hipnotizada. Ela tira os óculos e o coloca no seu rosto. Você só passar a enxergar o que ela quer que você veja. Sua visão de mundo passa a ser a dela. Tudo fica demorado. Lento. Dá sono. Dá medo. Dá vontade de arrancar os cabelos fora. 

As unhas. Pra que elas servem mesmo? Para nada, claro. Então, vamos comer o esmalte. Acabar com ele lentamente. Em seguida, as unhas. Roê-las, comê-las, até sangrar. E a fome? Sim, você sente aquela fome insuportável. E se entope de comida. E de bebida. E de comida. E de bebida. E de tudo. Você come como se o mundo fosse acabar. Você fuma? Não é o meu caso, mas caso sua resposta seja sim, prepare-se: você vai detonar maços e maços de cigarro. E nada adianta. Latas de ceveja, maços de cigarros, barras de chocolate.

Você olha no relógio. Olha pela janela o mundo lá fora. Ela continua aqui, sentada ao seu lado. Lá fora, o sol começa a se por. A tarde começa a cair. A noite começa a dar os primeiros ares. E o que importa?

A garganta começa a ganhar vida própria. Ela quer soltar coisas para fora. Em alto e bom som. Vontade de gritar, berrar, urrar. Vontade de sair pulando feito louca. Vontade de saltitar, jogar tudo para o ar, tacar água nos outros, jogar cerveja na cabeça. Vontade de escrever alucinadamente no twitter. Trabalhar para quê?

Tudo isso junto, ao mesmo tempo.

Ela, continua ali, sentada. Você olha de novo para o relógio.

Tik tok, tik tok, tik tok.

Ainda faltam 5h para o jogo.


 E a dona ansiedade não sai de perto de você. 

quinta-feira, 14 de junho de 2012

O que é moda mesmo?


Sendo direta: Não sigo tendências. Acho chato. Penso que há  muito de sério e bacana no mundo da moda. Apesar de não me ligar, como não respeitar personalidade do porte de Coco Channel, Kenzo, Carl Lagerfeld? Se você ler um pouco sobre esses e os principais nomes da alta costura, suas tragetórias, vidas e criações, encontrará um mundo interessantíssimo, rico, profundo, criativo e que mudou costumes e comportamentos.

Agora, não me venham falar que isso que vemos hoje em dia é moda. Por acaso, descobri, um dia, um blog chamado Shame On You, Blogueira. E, por esse site, descobri o universo  dos blogs de “moda”, com seus infinitos looks do dia. Blogs feito por meninas ricas, com um guarda-roupas cheeeio de todas as marcas etc. Mas chatos, chatos, muito chatos.

O mundo da moda que vejo espalhado na www por ai é boring. Não existe estilo, só um bando de patricinhas correndo em manada atrás da última tendência. E daí que esse é o inverno do mullet? Todas tem uma saia ou vestido assim. E ai, parece que vira obrigação todo mundo também ter. [Parentese:  Que me desculpem as fashinionistas, mas mullet é ridículo. Ok, tem que ache bonito, mas eu acho horroroso e jamais vou usar só porque é tendência.]

Loboutin? TODAS têm. Ok, os sapatos são bonitos, legais, etc. Mas é que tudo é tão igual, padrão e óbvio que não sei realmente qual é a inspiração que as leitoras desses blogs de moda enxergam nessas garotas. Sério, vamos ser realistas: quantas pessoas no mundo tem dinheiro para pagar R$ 3 mil num sapato? A tendência do inverno é colar gola. Sério? Sabem há quanto tempo colar gola é vendido pela Un vestido y un amor? Pois é. As fashionistas descobriram agora algo que é clichê para quem realmente tem um estilo (no caso, o sessentista).

Definitivamente, a única coisa que uma leitora desses blogs de moda consegue, na minha visão, nesses espaços é descobrir que ela precisa comprar a roupa que está na vitrine dos shoppings. Precisa entrar num blog pra isso?

Estilo não tem nada a ver com usar grifes da cabeça aos pés ou ter tudo das últimas tendências. Significa saber expressar seu eu interior por meio das roupas, calçados e acessórios que você usa. E isso, gente, não há blog no mundo que ensine.

Ps. Para encerrar, deixo para vocês o depoimento de uma das seguranças da SPWF sobre o que é moda para ela. Virei fã!

terça-feira, 5 de junho de 2012

Lições do 27º aniversário


Fazer aniversário sempre me faz parar e repensar os erros e acertos do ano que passou e da vida em geral. Procuro sempre olhar e ver se tenho sido uma pessoa melhor ou. Analiso os desafios, os dilemas, os problemas que aconteceram, como lidei com eles e o que poderia ter sido feito diferente.

Acho que poucos anos foram tão intensos na minha vida como esse que passou. Foram muitas lições aprendidas e muitas situações novas, com as quais não sabia lidar, que vivi. Aprendi a amar e descobri a diferença entre amor, carinho e paixão. Também descobri a responsabilidade que um sentimento tão grande e tão importante exige de nós. Aprendi que é preciso se dedicar, ser transparente o tempo inteiro, ter lado, ter paciência, tentar compreender, tentar não perder a cabeça nos momentos difíceis (que foram vários). E que tudo isso é cansativo, é pesado e pode acabar com esse sentimento tão lindo se você não souber viver tudo isso como deve ser vivido. Aprendi que egoísmo não combina com amor e que amar é, antes de tudo, se por no lugar do outro (sim, é clichê, mas é incrível como é difícil viver esse clichê no dia-a-dia de um relacionamento).

Fico feliz que uma lição tão grande e importante tenha sido me dada após outra lição que aprendi, no ano anterior: a de saber SE amar. Não tem como você amar verdadeiramente alguém se você não se ama. Porque é o amor próprio que equilibra a balança e faz com que você saiba qual situação você tem que entender e esperar e qual você tem que bater o pé e insistir no seu ponto de vista. E não saber essa lição pode inviabilizar qualquer relacionamento, por mais que o amor seja daqueles para a vida inteira. Aprendi, ainda, que quando você realmente ama alguém e é amado, não pode existir espaço para medos ou vergonhas. Confiança só se contrói com o cultivo diário da verdade e o longo prazo só se sustenta se as coisas forem assim. Se não há confiança mútua, se você tem medo de falar algo para a pessoa que você ama, você tem um problema muito grande na sua vida. Mesmo que a verdade seja dura, ela precisa ser dita, desenhada e legendada em braile.

E por que se dedicar tanto se não amar é mais fácil? Porque a recompensa recebida não tem preço. Nenhum dinheiro do mundo paga a sensação que é olhar para o amor da sua vida e vê-lo sorrindo para você, por você. Entender o quanto isso é grandioso e o real valor de algo que parece tão singelo é uma lição para a vida que poucas pessoas aprendem.

Outro aprendizado gigantesco que tive nesse ano que passou está relacionado ao perdão. É incrível como é bom e como você se transforma quando você aprende a perdoar. Eu sempre fui uma pessoa “coração mole” (ou, como me dizem algumas amigas, boazinha demais, quase tonta). Só que, quando pela primeira vez na vida passei por uma situação realmente difícil, eu fiquei muito magoada, remoendo raiva. Isso fez com que eu me comportasse de algumas maneiras que não gosto. Me portei como vítima, fiz pessoas sentirem pena de mim, falei mal da pessoa com a qual tive um atrito. Não, isso não é legal, não é bacana, por mais que eu tivesse toda a razão do mundo.  Nada é mais humilhante para um ser humano que despertar pena nos outros, e foi exatamente o que fiz, motivada pelo ódio, pela mágoa. Fiz com que as pessoas tivesse raivam de outrém e pena de mim e eu não me orgulho disso. Porque eu não ganhei absolutamente NADA de bom para mim com esse comportamento.

Mas, no ano que passou, eu consegui perdoar. Perdoar de maneira sincera, do fundo do coração. E se livrar da mágoa, da raiva, é a melhor coisa que pode acontecer para você mesma. Perdoar te dá uma sensação incrível de liberdade, de felicidade, de paz de espírito, de estar bem consigo mesma. Você olhar no fundo do olho de alguém que você não suportava e sentir carinho, não sentir nada ruim é uma sensação indescritível, que traz uma paz de espírito infinita. Principalmente quando a pessoa em questão é uma das suas melhores amigas há anos. E o melhor de tudo: consegui admitir que errei e pedir desculpas pelo meu comportamento. Normalmente eu diria: não tenho motivo nenhum para pedir desculpas para alguém que me magoou e traiu. Só que o ato de perdoar passa pela conscientização de todos errados, incluindo quem é “vítima”. Portanto, saber pedir desculpas é algo intríseco ao perdão.

Por último, nesse ano que passou, eu aprendi como é péssimo julgar o outro. Porque julguei e por ter sido julgada, tenho vergonha por mim e por outros. Incrível como o ser humano, fingindo ser amigo, gosta de julgar, condenar, punir, apenas pelo “circo”. Não importa se a justiça está sendo feito, se a vítima está sendo confortada. O que importa é a fofoca, a desgraça alheia, as ofensas, o choro, o grito de dor, o pão e circo. Longe de mim me achar perfeita – tenho muita consciência de todos os meus aspectos negativos – mas eu me orgulho de ter aprendido que não é jogando lenha na fogueira que se apaga o fogo e ter trazido essa lição para a minha rotina. Do fundo do coração, eu só desejo que algumas pessoas possam por a mão na consciência e enxergarem quanto elas fazem de mal fingindo estar “sendo amiga e fazendo o bem”.

E desejo simplesmente porque aprendi essa lição e tenho plena consciência do quanto a paz de deitar e dormir sem nenhum peso na consciência, ciente de que você fez o possível para fazer feliz as pessoas que você ama e com as quais se importa, é o maior bem que você pode fazer para si mesma. 

segunda-feira, 28 de maio de 2012

Ser amigo é...


Como nasce, onde vive e do que se alimenta a amizade? Não, você não vai descobrir isso nessa sexta, no Globo Repórter. Talvez você (nem eu) descubra nunca respostas realmente verdadeiras para questões tão complexas. Mas o fato de algo ser difícil, quase impossível de ser definido, não é e nunca foi empecilho para eu refletir sobre.

Vou ser polêmica, mas vamos lá: quem nunca se envolveu em uma confusão com uma amiga e colaborou para que o circo pegasse fogo que atire a primeira pedra. Infelizmente é natural do ser hurmano gostar de ver o circo pegar fogo. Acha que está impune? Então diz ai: você nunca encontrou o ex da sua amiga na balada e não correu para contar? Sempre me pergunto qual é a maneira correta de agir. Contar que o cara que ela ainda morre por é filho da puta e dar todos os detalhes de como ele estava dançando grudada na loira periguete, sim ou não? À primeira vista, a resposta é: se sou amiga, tenho que contar sim. Será?

Cinco meses atrás eu responderia sem dúvida nenhuma que sim. Hoje, não sei. Será que alguém que está sofrendo porque perdeu alguém que amava merece sofrer mais ainda com esses detalhes? Não acho. E acho que parte do processo de ser amigo de verdade é saber dosar esses choques de realidade. Exemplifico o que quero dizer: há alguns meses, uma conhecida minha se separou do namorado de 9 anos. Ele terminou sem dar grandes explicações, apenas que queria terminar porque estava confuso. O tempo passou. Essa minha conhecida chorou, sofreu, mas começou a se recuperar. Foi viajar no carnaval, conheceu um cara legal, começou a sair com ele. A menina estava feliz.

Eis que, quando  uns 5 meses se passaram desde a separação, uma amiga dessa minha conhecida descobriu pelo Facebook que o ex da menina namorava outra garota há dois anos (ou seja, ele tinha duas namoradas ao mesmo tempo). O que a garota fez? Pegou o Facebook da outra namorada do cara e foi mostrar para a menina. Resultado: cinco meses de esforço para esquecer o ex jogados no lixo. A menina teve uma recaída, voltou a chorar diariamente e acabou terminando com o cara que estava saindo.

Eu pergunto: a amiga que foi fuçar a vida do ex e mostrar que o cara tinha outra foi amiga mesmo? Eu lá tenho minhas dúvidas. Se alguma amiga minha é enganada, minha reação sempre é tentar alertar de alguma maneira. Só que acho que há casos em que as pessoas dão esses alertas mais por quererem ver o circo pegar fogo que por amizade mesmo. A menina já estava bem, superando o fim do relacionamento e teve uma recaída desnecessária por conta da “amizade” da outra. Será que uma pessoa que já tinha sofrido tanto para superar o relacionamento acabado merecia passar por isso novamente?

Sinceramente, eu não teria nunca agido como a garota. E acho que quem fica alimentando intrigas se dizendo “amiga” é um grande de um FDP. Por quê? Porque eu acho que um amigo é, antes de tudo, alguém que quer seu bem. Que quer te ver feliz. Não que eu ache que amigo tem que esconder as dificuldades da vida. Só acho que algumas verdades muitas vezes não precisam ser ditas. Se você está tentando esquecer alguém e aquela amiga não para de falar da pessoa, é muito provável que ela esteja pensando em tudo, menos na sua felicidade.

Ser amigo, para mim, é ter bom senso. E acho que, algumas vezes, na ânsia de sermos verdadeiros, esquecemos deste detalhe fundamental nas relações humanas.  

sexta-feira, 3 de fevereiro de 2012

Por que homens cafajestes enrolam mulheres inteligentes?



Eis ai o maior mistério da humanidade. Pelo menos, do lado mulher da humanidade. Esse sempre foi um tema que sempre me deixou intrigada e sobre o qual tenho pensado muito recentemente. Como mulheres tão bacanas são feitas de bobas por caras tão miguelentos, xavequeiros, óbvios, etc?

Como eu não sou homem, é óbvio que essa resposta não é óbvia para mim. Até porque, como toda mulher, eu já fui enrolada por cafajeste (quem nunca?). Mas tem sido mais fácil analisar isso e pensar sobre o tema quando você está amando e feliz tendo um homem NÃO cafajeste contigo. Lembro que quando estava solteira, lia muito o famoso blog Manual do Cafajeste (que hoje é escrito não mais pelo Cafa original, mas pelas crias do Cafa) e sempre pensava "meu Deus, como os homens podem ser escrotos assim?". Mesmo assim, isso não impediu que tivesse o prazer de encontrar com alguns desses tipos pelas estradas da vida.  E ai, é o que mais me intriga: como, tendo todas as informações para bater o olho e ver que fulano ou sicrano não prestavam, eu me deixei enrolar?

Esse questionamento serve para todas as amigas que já vi, vejo e verei sendo enroladas por caras babacas que não querem nada com nada mas enrolam as mulheres simplesmente pra ter para quem ligar quando não tiver nada para fazer. Converso sempre sobre o assunto com meu namorado também, em busca de respostas. Só que como ele não é um cafajeste por natureza (longe disso, é fofo do tipo "todas quer"), temos ótimos braimstorms, mas a resposta ainda não apareceu - o que me faz desconfiar que ela seja complexa e passe por uma série de questões. Como insegurança, carência, medo de enxergar de ficar só (o que faz com que você aceite qualquer coisa que esteja disponível), falta de caráter (do cara que mente e engana), insanidade e cegueira (só isso explica alguém chorar e querer cortar os pulsos por aquele cara zoado, feio, escroto e imbecil que todo mundo zoa e só você morre de amores por).

A insegurança, para mim, empata com a carência no topo dos motivos que fazem uma mulher ser enrolada por um cafajeste. Funciona assim: você é linda, maravilhosa, inteligente, tem uma carreira legal, bons amigos, é amada por muitos (e invejadas por algumas). E todo mundo enxerga isso, exceto você. Ai, o que acontece? Chega aquela festa e, quando aquele cafa clássico - lindo, cheiroso e muito cheio de lábia - chega pra conversar contigo, você fica toda feliz, porque, afinal, aquele super cara está de dando bola, certo? Só que está errado - porque você tão ou mais interessante que o cara, mas na sua cabeça, você acredita piamente que é uma honra ter a companhia do garoto. E o que acontece? O bonitão vem, pega e quando percebe que você está apaixonada, começa o espetáculo de circo que todo cafa/palhaço protagoniza com méritos. E você, fica ai, sofrendo, se achando a pior pessoa do mundo, quando na verdade, o escroto é ele e a poderosa é você.

Mas pode ser que você esteja segura do quanto seu corpo e rosto são lindos, como você é legal e boa companhia. Só que você está carente porque há tempos não conhece ninguém que ache interessante - quanto mais inteligente a mulher, mais difícil é achar algum homem interessante. E quando você acha, é um cafa. Você pega, se apega e se fode porque enquanto você imagina como os filhos dos dois serão lindos, ele tá te dando um perdido pra ir para uma mega balada com os amigos cafa passarem o rodo na mulherada. Mas como ele é fofo quando vocês se encontram e não tem ninguém mais interessante, você vai se apaixonado, se afeiçoando, ficando dependente do cara. E quando ele percebe isso, faz a festa, porque sabe que você está carente e sem opções. Logo, por mais que a desculpa de falta de tempo seja mais furada e velha que pneu de carro da segunda guerra mundial, ele sabe que você vai continuar aceitando por falta de opção. E você aceitam achando que um dia vai conseguir convencê-lo.

Insanidade e cegueira surgem quando você está carente e insegura. É quando os cafas fazem a festa porque mulher insegura e carente é pior do que mulher após beber um litro de vodca (imaginem uma mulher carente, insegura e bêbada). Nesse momentos (que TODAS as mulheres já viveram) você fica realmente cega, surda e louca. Cega, porque não basta cair nas mãos de um cafa. Você cai na mão de um cafa feio, baixinho, barrigudo, pobre e malandro, que vai depenar sua carteira (uma amiga, por exemplo, arrumou emprego, comprou roupas e tomou um pé na bunda com dois meses de namoro de um cara HORROROSO E BURRO). Ou o cara dá em cima das suas amigas NA SUA FRENTE e você ainda vai e fica com o cara no final da balada. Só Saramago explica. Surda porque TODAS as suas amigas estão te falando o quanto o cara que você está saindo é um escroto e nada entra na sua cabeça. Seu ouvido cria filtros e os termos "esse cara" e "babaca, escroto, te trata mal, tá saindo com outra, tá te enrolando, etc" simplesmente não penetram no canal auditivo. E louca porque, né, pra ficar com um cara feio, chato, escroto, mentiroso, que tem o xaveco mais furado do mundo (no estilo "ai se eu te pego"), só estando BEM PIRADA. E é isso que a mistura de carência + insegurança + cafajeste à disposição faz com uma mulher. DEIXA ELA LOUCA.

Portanto, por que homens cafajestes enrolam mulheres inteligentes? Não sei dizer todas as razões ainda, mas uma com certeza eu sei: PORQUE ELES TÊM SORTE em encontrar mulheres carentes e inseguras por ai  E PORQUE TEM POUCA CONCORRÊNCIA NO MERCADO. Logo, a gente acaba pegando o que tem e não o que a gente realmente quer. Porque, no fundo, a gente sabe que está sendo enrolada e nos deixamos enrolar por... falta de opção.


PS. claro que essa não é uma resposta séria, mas isso é um blog; logo, sem compromisso com a seriedade. Mas, para sorte da gente e azar deles, eu estou realmente estudando o tema a fundo e vou escrever um livro  SÉRIO sobre o tema. Se você quiser contribuir com a minha pesquisa, pode colaborar deixando sua opinião nos comentários e/ou indicando o cafa da sua vida para eu entrevistá-lo (é sério).

quinta-feira, 26 de janeiro de 2012

Porque o Palmeiras não vai pra frente

Série de frases que marcam a política do Palmeiras, muito bem compiladas e comentadas pelo palmeirense Leo Altafini, um dos grandes palestrinos que já conheci, que mostram porque o Palmeiras é assim, desse jeito que enlouquece os torcedores.


"Isto realmente é muito bom mas ainda não é o momento" - (sobre as diretas ou qualquer outra mudança mais significativa);
"Ele é bom, mas ainda é muito novo ou cabaço" - (sobre o Paulo Nobre ou qualquer outro abaixo de 70 anos que pleiteie algo. Até com o Piraci isto ocorre);
"Sabemos que isto está errado, mas os outros clubes também são assim" - (quando se aponta algo errado vem a cretina comparação com os outros clubes. Parece que só os clubes brasileiros servem como parêmetro);
"Ah, mas aqui e Brasil né!" - (quando é sugerido algo que evite corrupção ou transações obscuras);
"Ah, mas aqui é Palmeiras né!" - (quando o mesmo tipo de problema já foi sanado no Brasil);
"Podem sonhar, isto no Palmeiras é impossível" - (maneira de animar quem quer inovar);
"Teu sobrenome é de que região da Itália?" - (quando alguém de sobrenome Hiroshi, Teixeira, Schubert, etc., tenta entrar na rodinha);
"Pode ter diploma de Havard e falar 10 idiomas que não adianta. Aqui é diferente." - (apesar do Belluzzo quase ter dado prova disso, pra ser alguém no Planeta Palmeiras é preciso ser chucro, ignorante ou malandro. Quem sabe um Advogado sem OAB, um diretor de Marketing sem trabalhar no ramo, um diretor de piscina que não sabe nadar, ou um diretor de futebol que não gosta de futebol);
"Isso nunca! Assim meu nono vai revirar no túmulo" - (para qualquer mudança de peso);
"Não podemos expor os podres do clube desta forma. Isto é assunto interno" - (quando vaza alguma notícia podre na imprensa. Eles gostam que estas coisas fiquem bem escondidinhas);
"A Imprensa não gosta do Palmeiras" - (Ok. Que o Palmeiras está no ranking dos 10 menos queridos pela imprensa é verdade. Porém o Palmeiras é campeão em gerar releases ruins)
"É, mas o cara é viado" - (quando não se encontra nada de errado no curriculum de algum pretendente a um cargo importante. Significa que é melhor um ladrão do que um gay).

Digam: com dirigentes que pensam dessa maneira (na situação, na oposição, no centro e na puta que pariu), como é que vamos sair dessa merda?

sexta-feira, 20 de janeiro de 2012

Das antigas

Resgatando um texto escrito em 2007...


Estima, baixa ou elevada, tesão, atração, amor, respeito, percepções, falsas ou verdadeiras intenções. Cada ser humano entende aquilo que quer entender e acredita (ou não) naquilo que quer.

Pessoas certas nas horas erradas, ressentimentos de quem já foi desprezado, carência de desejo, beijos, abraços, tapas e desprezo, pena, medo, culpa, certezas, incertezas, sonho, realidade, nua e crua. Apenas algumas palavras que ditam nossos relacionamentos, o amor, a excitação, o prazer.

As paredes te olham, você quer subir nelas, é o momento, a pessoa, e você fica sem ação devido à razão. Sente um calor te queimando por dentro, fica vulnerável, pensa nas mil e uma possibilidades que se apresentam.

O gosto da língua, o desejo do desconhecido, o dedo que roça as costas de leve, fazendo todos os pêlos do corpo se levantarem, a pele queimar, o corpo estremecer por dentro, o mel escorrer sobre as colinas atentas aos efeitos que a epiderme estranha provoca.

O olho no olho, a sedução latente, que faz o desejo surgir, dominar e explodir em cada poro dessa máquina de prazer que te envolve desde o nascimento. A vontade insaciável de sentir, amar, urrar, explodir, desmaiar, sem nada precisar, nem um toque, só olhar.

Os dedos deslizam, o medo, o receio, o corpo reage, se contorce, as lágrimas escorrem, o coração explode, o cérebro entra em pane, a lucidez se torna insanidade. O suor, o calor, os gritos, tudo inexiste, só existe aquilo que não se explica, não de descreve, só se sente. Real ou imaginário, forçado ou voluntário.

Ou prevalece a razão, ou a emoção.

segunda-feira, 16 de janeiro de 2012

"Você mudou" - e você esperava o que?

Feliz ano novo, amigos que lêem este pobre e frequentemente abandonado blog! Espero, do fundo do coração, que o mundo não acabe e vocês possam fazer menos cagadas em 2012 do que fizeram no ano passado, na medida do possível.

:)

Passado o mis en scene, vamos aos trabalhos. Eu pensava que ia começar o ano falando da maravilha que é a cidade luz. Mas tem tanta coisa para falar que, se eu postergar mais, esse blog só volta em maio. Então, vamos falar de outro assunto e, quando estiver inspirada, escrevo sobre Paris. E eu quero falar sobre um tema pelo qual todo mundo já passou na vida. Quando você começa a namorar e alguém vem e diz:

"Nossa, como você mudou, está diferente, não faz mais isso (ou aquilo) por causa do (a) namorado (a), é?"

Nunca entendi esse tipo de pergunta. O que as pessoas esperam? Que a pessoa comece a namorar e continue se comportando como se estivesse solteira? Quando alguém está solteira, está sozinha. Logo, o nariz dela pertence somente a ela e mais ninguém. Pessoas solteiras fazem o que querem, na hora que desejam. Esse"fazer", normalmente, inclui coisas como:

- Sair para beber;
- Encher a cara;
- Beijar pessoas aleatoriamente;
- Ir em festas onde não conhece ninguém, só porque um amigo descolou um convite;
- Topar convites para fazercoisas em horários fora do padrão;
- Ou não fazer nada disso por vontade própria.

Ai, você está lá, solteira, na sua rotina de sair, etc, sem hora para chegar em casa e sem dar satisfações a ninguém. Até que um dia, nas muitas saídas, você encontra sua alma gêmea. Começam a ficar, sair, namoram. E, obviamente, não estando mais solteira e sim namorando, sua rotina muda. E muda porque você não está mais sozinha. Tem companhia, alguém para dividir as dores e delícias da vida.

Mas, aparentemente, sempre tem aquele ser humano sem noção nenhuma que continua #foreveralone e vem com a fase que postei lá em cima. "Ah, você não é mais a mesma", "ah, você não vai àquela super festa com tudo liberado porque não é mais minha amiga", "ah, você prefere seu namorado a sair comigo". Cazzo, será que isso não é exatamente o que se espera de alguém namorando? Vejamos bem. Do que reclamam os solteiros? De falta de companhia, de alguém que faça a gente feliz, da vida de baladas e porres e bocas estranhas. Por que cazzo então alguém iria continuar com um comportamento de solteiro após estar namorado?

Namoro pressupõe outra vida pelo caráter duplo da relação. É você e outra pessoa. É absolutamente normal que os programas mudem, que as preferências sejam outras. Aquela festa open bar fica menos interessante do que um jantarzinho naquele restaurante romântico, ou um cineminha. Tá frio? É mais gostoso ficar em casa do que ir à inauguração da balada do momento. Ou não, porque o casal é baladeiro. Mas é absolutamente normal e esperado que você passe mais tempo com seu namorado do que com seus amigos de balada, oras. Aliás, é anormal que você continue indo para a balada com sua turma e largue o namorado em casa. Ou melhor, não é só anormal: é falta de respeito com a pessoa que você está.

Então, por que tanta gente ainda acha isso anormal e fala em tom pejorativo? Meus palpites:

- Falta de noção;
- Inveja;
- Egoísmo (a pessoa está pensando só no nariz dela);
- Falsidade.

Explico porque aposto nesses itens ai. Se a pessoa é realmente sua amiga, ela vai entender o momento que você está vivendo e ficar feliz por você estar com alguém que te faz bem. Uma amiga pode sentir falta da sua companhia na balada. Mas ela sabe que pode pegar o telefone, o facebook, o msn, o whatsapp ou qualquer outro meio de comunicação e falar com você. Seja num momento de alegria, tristeza ou ócio.

Portanto, anote: uma pessoa que realmente gosta de você jamais falará uma merda dessas. O que me faz concluir: quem reclama que você "mudou" por estar namorando é gente que:

1) não tem noção: porque se a pessoa gosta de você e acha isso, precisa de um psicólogo para entender o que é amizade;
2) tem inveja. Ela não tem namorado e você tem. Logo, ela fala isso na esperança que você deixe de ter um e se iguale a ela;
3) Egoísmo: a pessoa fala isso porque está sentindo falta da amiga e foda-se a felicidade da outra pessoa, o que importa é o nariz dela que, no momento, quer a companheira de balada de volta;
4) falsidade: a pessoa nunca foi sua amiga e só saia com você porque você representava algo que interessava à ela. Grana, entrada vip, amigos interessantes. Como ela perdeu a boquinha, ser acha no direito de infernizar e fazer com que a outra pessoa volte a ser solteira para que ela retome o pote de ouro.

Ou, ainda, a pessoa pode ser tudo isso ou ter duas ou mais dessas características. Em qualquer caso, eu recomendo: CORRÃO. Esse tipo de pessoa não vale seu carinho, sua dedicação, sua amizade. Quem gosta de você de verdade, vai ficar feliz por você, mesmo que vocês fiquem seis meses sem se ver pessoalmente. Se a pessoa acha que a sua felicidade é um problema, elimine-a da sua vida e deixe que isso seja um problema dela.

UPDATE: Quero deixar claro que não endosso e não acho legal gente que começa a namorar e SOME. Não estamos falando, aqui, daquelas pessoas que só faltam virar a cara para você porque estão namorando e, quando tomam um pé, correm para perto da amiga. E sim, do comportamento normal de alguém que deixa de ser solteira e passa a namorar e, em consequência disso, vê os amigos com uma frequência diferente de anteriormente.