sábado, 1 de fevereiro de 2014

E os gatos?

Desde que comecei a contar para as pessoas que eu estava grávida, escuto apergunta:

- Mas, e os gatos?

Confesso que essa pergunta não fez o menor sentido na primeira vez que ouvi. Nem na segunda, nem na terceira. E jamais fará. Não sei em que momento do mundo isso aconteceu, mas aparentemente, é consenso de que se você está grávida, não pode ter um gato. O que basicamente mostra que vivemos no século XIX ainda, dado o tamanho preconceito em torno do bichano e de como ele pode ser prejudicial a uma grávida.

Gatos não atrapalham a gravidez. Ah, sim a toxoplasmose. Claro! Obviamente, as pessoas ignoram que apenas 1% dos gatos são infectados pelo vírus. Que pra pegá-lo, é preciso ingerir fezes. Você conhece alguém que come cocô de gato? Eu não. E, considerando que meus gatos nasceram e cresceram dentro de um apartamento (só descobriram que passarinhos existem há um ano, quando nos mudamos pra casa), cai ainda mais a possibilidade deles terem tido contato com o vírus que causa toxoplasmose na vida.

Quando falei pra minha médica que eu tinha gatos desde criança, ela tinha certeza que eu já teria imunidade contra a toxoplasmose. Pra surpresa dela, eu não tinha. Repeti o exame mais duas vezes ao longo da gestação e todos deram negativo.Ela ficava implorando pra eu não deixar os gatos não subirem em cima das coisas (como se fosse possível  ahahahahah). Até chegou a me perguntar se eu não tinha onde deixar os gatos temporariamente.

Nesse meio tempo, fui levar o Riquinho na nova veterinárias dele, aqui perto de casa, por conta de uma dermatite fúngica que ele pegou em setembro. A veterinária estava grávida de nove meses. Como mãe de primeira viagem, comecei a fazer várias perguntas de curiosa. E resolvi perguntar sobre a bendida da toxoplasmose. A Dra. Ana Paula me contou que era a segunda gestação dela. O pai dela também é veterinário e ela convive com gatos desde criança. Além de ser veterinária há treze anos. E, advinha? Ela também não tem imunidade contra toxoplasmose. Porque convivendo com bichanos diariamente, nunca pegou a doença.

Contei pra minha médica e foi o que eu precisava pra ela parar de me perguntar sobre os gatos. Ficou até surpresa em saber que alguém que convivia tanto com gatos não tinha tido até hoje a bendita da toxoplasmose. Na prática, a única coisa que parei de fazer em relação aos gatos na gravidez foi deixar de limpar a caixa de areia. Só isso.

Depois disso, passei a fazer questão de explicar pra todo mundo sobre "os gatos" quando me perguntam. Até porque, o que as pessoas esperavam que eu fizesse? Jogasse os gatos na rua? Crio os dois desde bebê. São meus filhotes de quatro patas. A única coisa que acontece quando você tem gatos e fica grávida é continuar a ter os gatos, oras.

Passada a fase da toxoplasmose, agora me perguntam: E os gatos? O que você vai fazer quando a Luísa nascer?

Novamente, não vou jogar os gatos na rua. Introduzir uma criança na vida de gatos não é simples, mas também não é nada de outro mundo. É uma questão de adaptação que, dadas as devidas proporções, é semelhante a adaptação do irmão mais velho ao novo irmãozinho.

Ludwig morreu de ciúme quando adotei o Riquinho. Aliás, as brigas entre os dois só cessaram quando castrei ambos. Quando os gêmeos lindos vieram passar férias aqui em casa com o papai Sérgio e a tia Núbia, Ludwig ficou três dias num ciúme sem tamanho. Fazia fuzzzz pros dois e chegou a dar uma patada no Lipe. Ao final de 15 dias, ele ficava se esfregando na Lygia. Acostumou-se. Percebeu que as crianças não representavam perigo e que continuávamos a dar atenção pra ele. O Riquinho virou um boneco das crianças, que pegavam ele no colo e corriam com ele pra lá e pra cá. A Lyginha, que é alérgica à pelo, só ficou com o olho irritado no primeiro dia. Depois, não teve nem sinal de rinite por conta dos gatos. Tudo, uma questão de adaptação e paciência. Por que seria diferente com a Luísa?

Os gatos vão se adaptar a ela, oras. Por medida de segurança, colocamos gradinha no quarto dela, da mesma maneira que já temos no nosso (eles não dorme com a gente e não vão dormir com ela). Mas, durante o dia, com a minha supervisão ou do Sérgio, os gatos vão conviver com a Luísa. E vice-versa.

Faz bem para crianças conviverem com bichos. Ajuda a fortalecer a imunidade, diminui o risco de alergias e ensina, desde pequena, as crianças a terem responsabilidade. Ou seja: quando a Luísa nascer, os gatos vão continuar como parte dessa família, como são desde a época em que a família era apenas eu e o Ludwig.

ps. pra quem quiser entender melhor essa relação de gatos, toxoplasmose e gravidez, também indico o post da Paula, do Paulatinamente sobre o tema. Vale a leitura! 





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