quinta-feira, 10 de novembro de 2011

O amor entre homens (e mulheres) e um time de futebol


(escrito em 29 de agosto de 2011)

Texto que escrevi para o De Primeira sobre os 97 anos do Palmeiras

Hoje meu time completa 97 anos de idade. Ontem, jogando muito, daquele jeito que a torcida gosta, ele foi eliminado de um torneio que poderia ser a salvação do ano com um gol de um ex jogador que saiu do clube chutado pela torcida.

Eu faço parte da torcida que tinha medo do tal volante responsável pela eliminação do meu time ontem. Tinha e continuo tendo. Não me imnporta se hoje os tempos são outros, se isso ou se aquilo. Eu não aceito perna de pau no meu time, mesmo que seja obrigada a conviver com eles por anos, décadas. Eu aceito perna de pau, dirigente filho daquela senhora de má reputação, frio, chuva, trânsito, longas distâncias, derrotas acachapantes, jogos sem graça, jogos ruins, jogos soníferos, passes ridículos, falhas bizonhs da zaga, gols bizarramente perdidos. Aceito tudo, mesmo achando que meu time sempre tem que ser o melhor.

Muita gente não entende. MUUUUITA gente não entende MESMO essa coisa de ser torcedor. De aguentar humilhações, cansaço, chuva, frio e porrada atrás de porrada. Falando sério: você aguentaria de um namorado [a] o que você aguenta do seu time? Eu não e aposto que 99,99% dos torcedores de verdade que conheço (aqueles cujo humor varia junto com a situação do time na tabela do campeonato) não aguentariam também.

O ato de torcer não é pra qualquer um. Amar um time de futebol é, antes de tudo, ser um masoquista nato. A gente sabe que vai sofrer. Eu desisti de ter unhas longas porque existe o Palmeiras e, entre ter longas unhas pintadas de vermelho, eu escolhi devorá-las incansavelmente durante cada jogo, cada lance, mesmo que seja aquele jogo que não vale mais nada com time reserva contra um adversário inexpressivo. Torcedor de verdade tem uma doença pelo sofrimento que é torcer para um time de futebol. É uma dor que dá prazer. Necessário. É o sofrimento absolutamente indispensável para eu poder sem quem eu sou.

Sim, eu não tenho o menor problema em sofrer por conta do futebol. Ser torcedora fanática, retardada, daquelas que arrumar briga com desconhecidos em bar porque falaram mal do meu time me faz bem. É uma coisa meio louca, mas eu não tenho o menor problema com em conviver com os sentimentos doentios que estão ligados ao futebol.

É por isso que, hoje, 26 de agosto de 2011, eu estou feliz com o aniversário do time que ontem foi eliminado pelo Vasco na Copa Sulamericana. Eliminados na primeira fase, com um gol ridículo, feito por um jogador ridículo que eu não gostaria de ter no meu time de jeito nenhum.

Motivo de vergonha? De jeito nenhum. De sofrimento? Sim, quero que meu time ganhe até campeonato de par ou ímpar. Mas eu jamais terei vergonha das cores verde e branca que vestem a Rua Turiassú e que estão pintadas no coração de 18 milhões de apaixonados pela Sociedade Esportiva Palmeiras, esse time que eu amo tanto e amarei para sempre.

Parabéns, Palmeiras!

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